quarta-feira, 27 de maio de 2009

"Dai-lhes vós mesmos de comer"

Era tarde e a multidão permanecia ali para escutar as palavras do mestre. Os discípulos disseram: "Despede a multidão, para que vão aos povoados e campos vizinhos procurar pousada e alimento, pois estamos num lugar deserto". Ele, porém, lhes disse: "Dai-lhes vós mesmos de comer".

Diante da situação em que se encontram nossos irmãos e irmãs, por causa das grandes chuvas, é preciso escutar a voz do mestre. Despedir a multidão faminta e desabrigada não é humano e nem cristão. É nessas horas que as palavras tomam força e se trasnformam em gestos concretos.

A Cáritas Arquidiocesna, as CEBs e as Pastorais Sociais estão empenhadas no recebimento e distribuição de roupas e alimentos para as vítimas da insensatez humana. A chuva é bênção dos céus, mas a humanidade querendo ser Deus interfere no percurso da mãe natureza, transformando alegria em tragédia e tristeza.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Rio São Francisco: Pai e Mãe de um povo

No dia dezesseis de maio, na cidade de Aracati, paróquia Nossa Senhora do Rosário, aconteceu o encontro das Comunidades Eclesiais de Base(CEBs) do zonal da praia da diocese de Limoeiro. O tema do encontro foi: CEBs - Ecologia e Missão, em preparção ao 12º Intereclesial.

Uma das discussões do encontro se deu em torno da transposição do Rio São Francisco e as águas do Ceará, a partir de um documentário produzido pela Comissão de Pastoral da Terra (CPT) e Cáritas do regional nordeste I - Ceará.

O projeto de Transposição do Rio São Francisco tem mobilizado os movimentos sociais e todos os que lutam pela preservação da vida. Em 2005 e 2007 dom Luiz Flávio Cappio, bispo da diocese de Barra, no sertão da Bahia, fez greve de fome em defesa do Rio São Francisco. Para dom Cappio, o Rio São Francisco é o Pai e a Mãe de um povo. Ele é o gerador de vida para uma imensidade de outras vidas, por isso ele não pode morrer.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Maria da Libertação

Maio é um mês dedicado, pelos cristãos católicos, a Nossa Senhora. Os títulos a ela dedicados são vários, sempre capitando alguma dimensão da sua personalidade que serve de referencial para a vivência cristã.

Nas Comunidades Eclesiais de Base, Maria é vista como uma jovem que, corajosamente, foi capaz de cantar a queda dos poderosos de seus tronos e a elevação dos pequenos.

Maria é sensível aos clamores dos marginalizados e excluídos da sociedade. Em Fátima ela aparece para as crianças, em Guadalupe para o índio Juan Diego e em Aparecida, no milagre das águas, vai ao encontro dos pescadores.

Mais do que devocional, o mês de maio deve ser também um tempo de refletirmos sobre nossas atituddes e ações. Estamos, como Maria, subindo e descendo as montanhas para visitar as Isabeis do nosso tempo? É mais do que tempo de sermos solidários.


terça-feira, 5 de maio de 2009

Vida pelas Vidas

Na história dos mais de trinta anos dos intereclesiais das CEBs, temos sido acompanhados e fortalecidos pela memória permanente e incômoda dos mártires. Nossas comunidades há muito tempo têm assistido, com pesar e dor, a morte de seus ente queridos.

Para Santo Agostinho "o que faz o mártir não é a forma de morte. É a causa pela qual ele dá a vida." A fidelidade até o martírio, como expressão de compromisso com o Evangelho e testemunho do Reino permanece necessário e urgente.

No dia 10 de maio de 1986 em Imperatriz do Maranhão, Pe. Josimo Morais Tavares era brutalmente assassinado pelas mãos do impiedoso latifúndio. Ele era coordenador da Comissão da Pastoral da Terra (CPT) do Bico do Papagaio.

Antes de morrer, Josimo afirmou: "A minha vida nada vale em vista da morte de tantos pais lavradores assassinados, violentados e despejados de suas terras. É hora de se levantar e fazer a diferença. Morro por uma causa justa."