quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Mais que um “código verbal”

É natal, fim da espera. Concretiza-se a esperança. A encarnação da palavra acontece. O Messias está entre nós. Momento como esse jamais havia se dado na história da comunicação entre o divino e o humano. O diálogo entre Deus e a humanidade ultrapassa, agora, “o limite do código verbal”. O verbo se torna carne, gente, texto vida, contexto, gesto, enfim um de nós.


A vinda do Deus menino é mais do que se espera numa relação comunicacional. Com essa atitude, a comunicação entre Deus e a humanidade passa a ser dialógica. Há interlocutores no processo comunicativo. E é por isso que está entre nós não qualquer menino, mas aquele que vem provocar reflexões e mudanças no nosso jeito de ser e de fazer, a partir da maneira como ele mesmo construiu o seu texto vida.


O texto traduzido em vida é boa nova para os pobres, pequenos e marginalizados, mas ao mesmo tempo é ameaça para os grandes e poderosos. O Emanuel, Deus conosco, vem comunicar vida e vida em abundância. Para isso questiona as relações injustas que dificultam a vivência do Reino, conteúdo privilegiado da sua pregação.


Natal é, pois, mais do que simples palavra, é encarnação. Devemos então nos perguntar se estamos nos traduzindo em gestos e atitudes que promovem vida e esperança ou se somos apenas palavras? O que nossas vidas comunicam? De que maneira nossa presença é ameaçadora para os que continuam oprimindo os pobres, excluídos dos nossos dias?


Que, como Jesus, consigamos construir o texto de nossa vida, pautado naquilo que somos chamados a comunicar: a boa nova do Reino. Que a encarnação seja entendida por nós como sendo permanente e contextualizada, não apenas passado, mas presente e futuro. Ultrapassemos, também nós, “o limite do código verbal”.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Vigília natalina das Cebs de Fortaleza conclama a profecia

As Comunidades Eclesiais de Base - CEBs - da Arquidiocese de Fortaleza, com o objetivo de emitir publicamente um sinal de apoio e solidariedade com as inúmeras famílias ao longo do trilho, aflitas diante da ameaça aguda de remoção por causa da copa de 2014 e denunciar, também publicamente, as injustiças cometidas contra os legítimos direitos dos moradores, por parte do Governo do Estado, realizaram ontem, 17, a III Vigília de natal, na Capela Nossa Senhora das Graças da comunidade Trilha do Senhor.


Com o lema "...Porque não havia lugar para eles", as comunidades passaram a noite em oração, reflexão, partilha e cantoria. Também fizeram uma procissão ao longo das várias comunidades da área. Segundo Carlo Tursi, da coordenação arquidiocesana das CEBs, " é contra nossas autoridades estaduais e municipais que queremos volver o clamor do profeta: Ai dos pastores de Israel que são pastores de si mesmos! Não é do rebanho que eles deviam cuidar?(Ez 34,2b)"


Para o coodenador do 13º Intereclesial das CEBs, Pe. Vileci Vidal, "essa vigília é uma voz profética das CEBs de Fortaleza que deve ecoar por todo o Brasil, para despertar tantas outras comunidades que sofrem os impactos dos grandes projetos nas cidades da copa." Ainda segundo Vidal, "o verdadeiro espírito natalino começa com a vigília das CEBs de Fortaleza, esperando o menino Jesus nascer nas comunidades do trilho."



terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Comunidades mobilizadas dizem não as remoções

O Brasil se prepara para receber um dos maiores eventos do mundo. A copa 2014 vai acontecer aqui no país do futebol. Um megaevento que tem causado, já nos preparativos, dor e sofrimento para muitas famílias. Tratam-se das remoções. Elas vêm acontecendo de forma desreipeitosa, perversa e autoritária em todas as cidades sede da copa. Mais uma vez os pobres pagam o ônus, enquanto os grandes e poderosos saem lucrando.

Em Fortaleza as Comunidades Eclesiais de Base - CEBs - vem se mobilizando em defesa da vida e da moradia. São 22 comunidades ameaçadas de remoção ao longo do trilho, entre Parangaba e Mucuripe. Mais uma vez o menino Deus corre o risco de não ter onde nascer. Segundo as Comunidades há muita insegurança quanto ao futuro. As indenizações são injustas, muito abaixo do que realmente deveriam ser.

Pelo direito de terem uma moradia decente, de serem escutadas, respeitadas e tratadas com dignidade, é que as comunidades estão mobilizadas e tomam as ruas para dizer não as remoções. O dia de luta e em defesa da moradia acontece nessa quarta-feira, 14, a partir das 9:00h, na Praça da Bandeira, em Fortaleza.