segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Antecipadamente

O Ceará parte na frente e marca o grande gol. Mostra para o mundo que é capaz de vencer. Entregou antecipadamente a arena castelão, palco da copa do mundo 2014. Isso mostra que quando se quer e se tem vontade às coisas acontecem. Por que então estamos atrasados em tantas questões fundamentais e de interesse coletivo? Por que não conseguimos entregar em dias os direitos negados a tanta gente? Um ano sem chuva, quantas vítimas? Não seria possível entregar antecipadamente para os que se encontram no campo uma maneira de enfrentar a falta de chuva, que não significa a falta de água?! Não seria viável entregar aos trabalhadores a terra que ele tento necessita sem que preciso fosse ele ocupar, já que lhe é de direito? Por que não antecipar para milhares de crianças, adolescentes e jovens uma educação de qualidade e contextualizada? Seria tão bom se tantos brasileiros e brasileiras, antecipadamente, pudessem gozar de um atendimento médico sem que fosse necessário esperar até um ano para ser atendido! Como seria bom o fim das filas e das esperas! Ah! Como seria bom ver as mesas de todos e de todas fartas de pão, antecipadamente, sem que fosse necessário estenderem as mãos para receberem as migalhas em forma de bolsas. Aí sim, valeria à pena mostrar não só para o mundo, mas para nós mesmos que somos capazes.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Aracati, 170 anos de idade e de resistência

Hoje, 25, é dia da cidade de Aracati, completando seus 170 anos. Aracati conhecida pelas belezas naturais, com suas praias, dunas, falésias, mangues e carnaubais. Aracati terra da arte colorida, da areia esculpida, dos homens e das mulheres teimosos por acreditarem na vida.
Aracati dos desfiles das escolas, das Igrejas, casas e casarões tombados, dos carnavais, dos paralelepípedos, da rua do comércio, dos poetas e dos lutadores. Contos, cantos, lendas, histórias, senhoras e senhores.  O mercado, a carne, o peixe, a feira, o alecrim e o manjericão. E as conversas nas calçadas a espera dos bons ventos, que ultrapassam suas fronteiras.
Como esquecer as tradições, as procissões, Senhor do Bonfim, São Sebastião. É festa na cidade, é a festa da cidade. Soltemos fogos e balões. Toquem o sino da Matriz para anunciar que Aracati completa mais um ano de vida. Uma jovem cidade, linda, formosa, embora pareça mais velha, devido aos maus tratos sofridos pelo “tempo”, pelos desmandos do comando. Ela traz em si um potencial a ser descoberto, a céu aberto, para os que conseguem enxergar.
“Lá dentro da cidade há um clamor, cheio de soluço e dor, um desafio para nós”, nos diz o canto entoado pelas comunidades sofridas, carentes, esquecidas, que não podem ficar fora dessa festa. Comunidades do sertão, da periferia, sem trabalho, sem pão, sem moradia. Homens e mulheres teimosos que vão esculpindo a vida, cantando e lutando, pois só assim se constrói um Brasil e um Aracati novos.
Desfilam pelas nossas ruas, enrugadas, esburacadas, maltratadas, empunhando bandeiras e acreditando que é possível uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Uma “feliz cidade” para todos! São as procissões sem tradições. É o povo marchando e dizendo que existe política para além das urnas e do voto. E que a cidade merece respeito, por que o povo merece respeito, merece e deve ser tratado com dignidade.
Aracati, terra da contradição: Do turismo, da droga, da prostituição infantil, dos grandes projetos como a carcinicultura e os transgênicos da Syngenta. Terra do sossego e da violência, das eólicas e das dunas interditadas aos nativos. Da carnaúba eternizada na bandeira, mas sem os cuidados devidos para a sua continuidade. Da água boa do morrinhos e da degradação ambiental. Aracati terra dos Royalties e da saúde enferma.
Nos seus 170 anos, querida cidade, festejamos porque somos cidadãos e cidadãs que  lhe queremos bem, mas também  nos indignamos por não cuidarem de você como merece. Jamais cruzaremos os braços, Aracati. Hoje nos comprometemos que, independente de quem tenha saído das urnas para o seu governo, estaremos apostos e dispostos a continuar lutando para que seja lugar prazeroso e agradável para os seus filhos e filhas, sem privilégios, e os que lhe adotaram como sua. 
Derrubada de carnúbas e aterramento de lagoa na Ilha São José para carcinicultura

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Seminário Estadual 5ª Semana Social Brasileira

Encerrou hoje, 11, o Seminário Estadual 5ª Semana Social Brasileira. O Seminário aconteceu de 09 a 11 de outubro de 2012, no Centro Pastoral Maria Mãe da Igreja. A 5ª Semana abordou a temática da participação da sociedade na democratização do Estado Brasileiro, colocando a questão: Estado para que e para quem?
O seminário teve como objetivo a troca de experiência sobre organização popular, movimentos sociais, participação popular, projetos alternativos ao modelo hegemônico, visando o fortalecimento para intervir na elaboração das políticas publicas para um desenvolvimento solidário e sustentável, em contraposição ao modelo capitalista imposto no Estado do Ceará.
Para esse seminário foi elaborado e sistematizado um mapeamento dos impactos dos grandes projetos econômicos sobre as comunidades e grupos no Estado do Ceará. Esse mapeamento servirá de subsidio para a realização do Tribunal Popular do Estado que será realizado em 2013.
A análise de conjuntura dos impactos e a apresentação do mapeamento tiveram a assessoria do professor Jeovah Meireles (UFC) e da professora Raquel Rigotto (UFC), pesquisadores. E contou também com a participação de Simone do MST. Pe. Nelito Dornellas, coordenador nacional da 5ª Semana Social Brasileira, fez o balanço das Semanas Sociais Brasileiras.
Participaram do seminário grupos, comunidades impactadas pelos grandes projetos econômicos, pastorais e movimentos sociais, vindos das 9 dioceses do Regional Nordeste I – Ceará.

Organização Popular fecha BR 304 em Aracati

A Organização Popular de Aracati – OPA - fechou hoje, 10, a BR 304, em Aracati. Com cantos e palavras de ordem, os manifestantes reivindicavam um foto sensor, a curto prazo, e uma passarela a longo prazo, dentro da conclusão da obra da ponte sobre o rio Jaguaribe, parada há mais de um ano. A interdição da BR 304 se deu ao longo de três horas, na comunidade Pedregal, só sendo liberada com a chegada do DNIT, que garantiu o foto sensor para 45 dias.
Com a ampliação da ponte, também a BR 304 está passando por modificações, sendo que algumas famílias, a escola, a creche e a Igreja Católica serão removidas. A nova escola e a creche já estão prontas e o dia 19 de outubro foi anunciado como data de inauguração. Sabendo dos riscos que as crianças irão correr, a comunidade resolveu se antecipar e exigir uma ação dos órgãos competentes.
A mobilização que aconteceu hoje é fruto da tomada de consciência das comunidades de que já não dá mais para esperar. “Essa luta é nossa, essa luta é do povo, e só lutando se constrói um Brasil novo”, dizia um dos cantos. “Se não acontecer nós estaremos na luta de novo, disse Auxiliadora, do núcleo da OPA de Pedregal.” Para seu João Itamar essa mobilização foi uma demonstração de que o povo organizado é vitorioso.


quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Existe política para além do voto.

Mais uma eleição se aproxima, bandeiras desfilam pelas ruas, carreatas, palanques, paixões. Os mesmos discursos, apenas com as variantes limpa e suja, por causa da lei da ficha limpa. Creditam-se todas as esperanças nas urnas, como se dela saíssem todas as resoluções dos nossos problemas. Ainda não caiu a verdadeira ficha, que existe política para além do voto.
É preciso que tenhamos consciência de que as mudanças estruturais só irão acontecer quando despertarmos o político que há em cada um de nós. Somente tirar prefeitos e vereadores das urnas não vai adiantar, sejam eles sujos ou limpos, já estão comprometidos com o sistema de dominação que impera em nosso país, embora haja boa vontade de alguns em apoiar as causas populares, a instituição política partidária vigente, corroída e em estado de falência, os deixam engessados.
O que temos feito ao longo dos anos, nas urnas, é empoderar pessoas que se dizem nossos representantes. E o que mudou? Continuam sobrando às migalhas para os pequenos e pobres, enquanto as “vacas de basã” continuam se deleitando com o que há de melhor. Penso que já está mais do que na hora de nós mesmos nos representarmos, sem ser necessário assinar folha em branco, dando procuração para A ou B ou C. Crescer politicamente é o desafio que nos é posto nesse cenário.
A organização Popular é o caminho. Faz-se urgente trabalhar as bases, tornar-nos parceiros, companheiros, irmãos, pois a luta nos é comum, o sonho nos é comum, como também o inimigo nos é comum, o capital. O enfrentamento nos pede sabedoria, audácia e comprometimento. E, acima de tudo, a capacidade de juntarmos nossas bandeiras, nossas vozes, nossos gritos.
Os grandes projetos (carcinicultura, eólicas, transposição, agrohidronegócio, barragens, usinas, copa 2014 e etc.), o extermínio da juventude, a falta de educação de qualidade, as filas nos postos de saúde e hospitais, a defasagem de moradias decentes, precariedade nas estradas e transportes, o acúmulo de terra e de pão, e tantas outras mazelas que nos afligem não nos podem ter como cúmplices.
O próximo dia 07 de outubro não é para nos deixar paralisados, anestesiados, amordaçados, acomodados. Durante quatro anos temos que ser vigilantes e atentos para as negações de direitos. E exigí-los quando necessário. Temos que ser profetas e profetisas. O “rei” não é posto para fazer suas vontades, mas para praticar o direito e a justiça. Nosso papel e nossa missão estão para além das urnas, para além do voto.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Entre Nós, Justiça e Profecia!

Tudo é graça de Deus! E eu tive a graça de participar de mais um Nordestão de Cebs, o sexto. Sobre ele muita coisa já foi dita, desde o primeiro dia, 19 de julho. Fiquei pensando sobre o que eu poderia estar contribuindo, principalmente para com os que lá não estiveram. Talvez dizer o não dito seja a minha melhor contribuição.

O tema do sexto Nordestão de Cebs foi o tema Justiça e Profecia no Nordeste, em sintonia com o 13º Intereclesial que acontecerá em janeiro de 2014, na diocese de Crato, Ceará. No Nordestão muitas temáticas foram trabalhadas em ralação ao tema central, todas voltadas para um cunho social, político e econômico. É aqui que pretendo contribuir, pois algo sobre a Profecia que não foi dito ficou engasgada na garganta de muitos que ali estiveram.

Somos sabedores que a Profecia é também de âmbito religioso e cultural, ou seja, ela perpassa todos os seguimentos, ambientes, lugares e poderes. O profeta e a profetisa voltam seus olhares para as realidades destoantes da proposta de Reino de Deus, seja ela qual for e onde for, denunciando o desvio e propondo a realidade a ser colocada em prática.

O que passo a narrar não foi do conhecimento de todos, mas têm sido uma constante na maioria de nossas CEBs e grandes encontros como o Nordestão e os Intereclesiais. O Ceará, Regional NE I, deveria ser o responsável pela liturgia de encerramento do sexto Nordestão de CEBs. Digo deveria, porque na verdade não o foi. Uma equipe diocesana de liturgia (diocese de Itabuna) foi quem direcionou os rumos da celebração. A participação dos povos indígenas na entrada foi barrada e até mesmo os nossos “panos” coloridos que significam muito em nossa caminhada foram tidos como não dignos de estarem no altar. Enfim, tivemos uma celebração engessada, puramente romanizada.

O grito veio ao final da celebração, quando aos povos Indígenas foi dada a oportunidade de apresentar um ritual de ação de graças. Em seguida a dança dos Pataxós, a delegação do Ceará entrou organizada com um grito profético dizendo basta a opressão também dentro da Igreja instituição. Afinal veio um grito. E quantos gritos ainda ficarão para o final?

O tema do 13º Intereclesial de CEBs é provocador, e não podemos deixar passar essa oportunidade de refletirmos, profeticamente dentro da Igreja, as questões pendentes que aos olhos da profecia estão se distanciando da proposta de Reino trazida por Jesus de Nazaré. Justiça e Profecia a Serviço da Vida também entre nós! Penso que temos o direito de celebrar nossa caminhada, a partir de nossa espiritualidade orante, peregrina e profética.

domingo, 8 de julho de 2012

Organização Popular de Aracati oferece curso para Militantes das Causas Populares

A Organização Popular de Aracati (OPA) realizou nos dias 02 a 06 de Julho um curso de formação para militantes das causas populares. O curso, que terá outras etapas, tem como objetivo contribuir com o militante no aprofundamento e consciência da sua identidade.
A primeira etapa do curso abordou os seguintes temas: Como compreender a sociedade; A identidade do militante, e a Metodologia do trabalho de base. Para a assessoria do curso, a OPA contou com a contribuição de Thales Emmanuel Leitão (OPA), Paulo Henrique ( Consulta Popular) e Ana Maria Freitas (CEBs).
O curso aconteceu em Quixaba, na casa das Irmãs Salesianas, com a participação de 30 militantes. Jassira Simões, militante da causa popular, disse perceber o novo começando a fluir. “O estudo foi impactante. Os temas nos abriram perspectivas para a caminhada militante”, completou Simões.  Para Josenilson da Silva ,os temas abordados deram amplitude a sua visão sobre o funcionamento da sociedade. “Esse curso despertou em mim ainda mais a vontade de contribuir na luta em defesa dos oprimidos”, disse Silva.

quinta-feira, 3 de maio de 2012

OPA denuncia patrocinadora de Olimpíada do trabalhador em Aracati

O 1º de maio, dia do trabalhador, em Aracati, teria sido apenas de festa e comemoração, não fosse à intervenção da Organização Popular – Aracati, que fez uma forte denúncia contra a Syngenta, uma das patrocinadoras das Olimpíadas do trabalhador de Aracati. “A Syngenta é uma das maiores empresas do mundo no ramo do agronegócio. Produz sementes transgênicas e agrotóxicos, dentre outros produtos nocivos à vida”, esclarece o panfleto distribuído pela OPA.
O panfleto ainda denuncia a morte do trabalhador Valmir Mota de Oliveira, Paraná, que foi alvejado com balas, no dia 27 de outubro de 2007, quando protestava contra a existência de laboratório de sementes transgênicas da empresa Syngenta. Segundo a OPA, “a Syngenta que assassina e mutila trabalhadores e trabalhadoras Brasil afora, é a mesma Syngenta que se disfarça de amiga ao patrocinar eventos na semana do trabalhador em Aracati.”
Para os coordenadores, a intervenção promovida pela OPA nesse 1º de maio causou impacto na sociedade de Aracati. “Conseguimos alcançar o nosso objetivo de alertar o povo sobre a Syngenta e mostrar para a sociedade que estamos lutando por nossos direitos. Somos pequenos, mas temos um pensamento bom: lutar pela justiça.”

segunda-feira, 16 de abril de 2012

Líder sindical e agente das CEBs é assassinado em Buriticupu no Maranhão

Em pleno abril vermelho, quando se sente ainda pulsar nas veias abertas o sangue derramado em Eldorado dos Carajás, no dia 17 de abril de 1996, com o assassinto de 19 trabalhadores rurais e com o assassinato de Zé Maria do Tomé na chapada, em Limoeiro do Norte, no dia 21 de abril de 2010, jorra nas faces militantes o sangue de mais um irmão. No dia 14 de abril de 2012 foi assassinado em Buriticupu, no Maranhão, o líder sindical e agente das Comunidades Eclesiais de Base, Raimundo Alves Borges, 56.


Em nota de pesar e repúdio diante do assassinato de Raimundo Alves Borges, a equipe regional das CEBs do Maranhão diz que "tudo indica que se trata mais uma vez da agressiva disputa do latifúndio porque 'cobiçam campos e os roubam; querem uma casa, e as tomam'. " E continua a nota "não é a primeira vítima da violência que sofreu uma agressão mortal no município de Buriticupu. Como nas outras vezes, não podemos ficar calados diante de mais esse fato de profunda injustiça"

O abril vermelho continua, porque enquanto o sangue dos Mártires continuar fecundando o chão, por conta do latifúndio, as forças militantes não podem ficar paradas. Segundo dados do MST são 186 mil famílias em todo território nacional acampadas em busca da terra.

segunda-feira, 26 de março de 2012

Redentoristas, Mídia e Identidade

Há um tempo atrás escrevi algo sobre a Identidade Redentorista, num artigo intitulado “Ser Redentorista”, mas vejo que o tema continua atual e necessário de está novamente em pauta, já que a identidade é algo inegociável e inerente aqueles que se permitiram assumi-la como sendo parte de sua vida e missão.


Somos sabedores que as identidades se constroem e se afirmam numa dinâmica de luta dialética interna e externa de contrários. Segundo Bogo ( 2008) “uma coisa não pode existir sem que haja o seu oposto.” E ainda “a identidade se relaciona com o movimento das negações constantes seja na sua contradição principal seja nas demais contradições.”


Martino (2010) diz que “a identidade é algo que se desenvolve a partir dos discursos que definem as fronteiras simbólicas de quem se é a partir de um passado e um presente, responsáveis, igualmente, por ensaiar um projeto de futuro.” O que somos agora é, portanto, algo construído, proposto e fundado historicamente sem prazo de validade.


Coloco essas questões iniciais sobre a identidade para que possamos perceber o tamanho da nossa responsabilidade para com as gerações passadas e futuras. A vida religiosa nasceu com uma missão profética, provocadora. A vida religiosa é contradição desde o seu nascedouro. É negação de estruturas pesadas e opressoras, dentro da Igreja e na sociedade.


A Congregação do Santíssimo Redentor, nas suas origens e raízes, nasce com a missão de ser continuadora da obra de Jesus Redentor, pregando a Boa Nova aos pobres e abandonados. Afonso, nosso fundador, corajosamente trilhou um caminho contraditório. Quando muitos procuravam honras e glórias ele vai na direção dos cabreiros. Aqui está o centro da minha preocupação. Em que direção nós os filhos de Afonso estamos indo?


Estamos diante de um catolicismo midiático, onde, segundo Carranza ( 2011) “a mídia retira indivíduos do anonimato, desenvolvendo neles dispositivos de vedetização e glamourização que permitem personalizar figuras emblemáticas que concentram imaginários de felicidade, com os quais o público se identifica e nos quais projeta suas aspirações.”


Pautada por esse catolicismo midiático, que infelizmente alguns Redentoristas estão abraçando, uma Senhora se dirige para mim e pergunta: Padre Julio, por que os Redentoristas daqui não fazem sucesso? Por um lado fiquei feliz, pois há uma demonstração de que ainda estamos na direção dos cabreiros, pois não estamos fazendo “sucesso”, mas por outro fiquei preocupado pelos desvios que, enquanto Redentoristas, estamos fazendo do nosso Carisma e Espiritualidade. E é visível, é midiático.


segunda-feira, 19 de março de 2012

Articuladores das CEBs do Ceará visitam projeto Mandala

A articulção das CEBs do Regional Nordeste I - Ceará, visitou na manhã de sábado, 17, o projeto Mandala, na comunidade Jacú, em Mombaça. Essa experiência é pioneira em Mombaça e conta com dois projetos, um com 18 canteiros e o outro com 10. Dona Irene, coordenadora do projeto, fez o treinamento de 7 dias em Quixeramubim - Ceará. Segundo Dona Irene "prá quem sabe trabalhar é um projeto muito bom."

Os pequenos produtores apresentam orgulhosos os frutos da terra. Aqui, diz Dona Irene, "nós temos a cenoura, a beterraba, o milho verde, o mamão, o maracujá, a graviola, a batata doce..." E os articuladores das CEBs puderam se deliciar com os frutos e assim, como o criador diante da criação, voltaram maravilhados vendo que tudo aquilo "era muito bom."

A idéia da Mandala é fazer com que os pequenos agricultores aproveitem o máximo a pouca água, ajudando-os na aprendizagem de convivência com o semi-árido. A Mandala se constitui de um reservatório de água circular com o plantio feito ao seu redor. A mandala prevê ainda a inclusão de animais. No projeto da comunidade Jacú existem peixes e patos.

A articulação das CEBs do Regional esteve reunida em Mombaça, diocese de Iguatu, nos dias 16, 17 e 18 de março de 2012. Além da visita ao projeto da comunidade Jacú, visitou também a comunidade Morada Nova, aprofundou o tema da CF 2012 e encaminhou questões relacionadas ao Reigional, Nordestão e 13º Intereclesial.





domingo, 8 de janeiro de 2012

Mídia, Espetáculo e Violência

Acompanhamos nos últimos dias, infelizmente de maneira deturpada, a greve dos policiais militares do Estado do Ceará. Deturpada porque a mídia sensacionalista se encarregou de transformar a greve, um movimento pacífico, em algo altamente perigoso e aterrador, causando pânico e caos nas ruas e bairros da capital e do interior.


Na corrida pelo ibope e pelo furo de reportagem, a mídia abre mão de regras básicas do bom jornalismo. A função de mediação entre a realidade e o telespectador tem sido desvalorizada. A fórmula americana é seguida pela mídia brasileira, amparada pelo tripé violência, sexo e esporte.


O jornalismo sensacionalista, se é que se pode chamar de jornalismo, ao contrário do jornalismo sério, não está preocupado com as pessoas envolvidas na matéria, nem com a ética, mas pura e simplesmente com o espetáculo. O mais importante é a manchete e o seu impacto. O que rege esse tipo de jornalismo é a lógica do mercado, preocupado apenas com o consumo.


Produz exageradamente o espetáculo de violência, seguindo a máxima de que “o crime vende”. Para isso pessoas são expostas ao ridículo e muitas vezes cidadãos são transformados em bandidos de alta periculosidade. No jornalismo sensacionalista as partes envolvidas não são ouvidas, não se confere informações e condena-se previamente suspeitos ou acusados.


Um espaço que fora criado para informar e formar o cidadão, ajudando-o a gerar conhecimento, através de temas relevantes, transformou-se em espaço de satisfação de necessidades instintivas. Ignora-se completamente os assuntos de interesse público. O público deixa de ser sujeito, passando a ser consumidor de um conteúdo espetacular.


É com pesar que assistimos a espetacularização das notícias, o desrespeito para com a vida humana e a sua banalização. Infelizmente, nem todo jornalista no exercício da profissão pensa o jornalismo como criador de democracia e o coloca no viés do sensacionalismo e da mercadoria. O que nasceu para ser salvaguarda da sociedade passa de repente a ser temido pela mesma.