domingo, 29 de março de 2015

Romper com o sistema de morte para que a Páscoa aconteça



O relato da paixão, no domingo de Ramos, diz que os chefes, os poderosos, os que tramaram a morte de Jesus incitaram o povo para que pedissem a sua condenação. E o povo começou a gritar: crucifica-o! Fiquei pensando sobre a lei de redução da maioridade penal que está para ser votada no Congresso. E o quanto continuamos, nos dias de hoje, pedindo a condenação dos inocentes.

O mesmo sistema que cria as desigualdades sociais, que marginaliza os pobres, os negros, os indígenas, as mulheres, os homoafetivos... é que depois trama a sua morte. Somos sabedores que o que se faz necessário é a ruptura urgente desse sistema de morte. A redução da maioridade penal não resolve o problema. É preciso atingir as causas. Onde estão as políticas públicas para nossa juventude? Educação de qualidade? O valor digno pelo trabalho executado?

Esses dias uma emissora de televisão exibiu várias matérias sobre crianças e adolescentes, mas com uma única intenção: mostrar os motivos, embora de maneira disfarçada, para a redução da maioridade penal. São os grandes e poderosos que continuam insuflando o povo para que gritem que os menores são vagabundos, deliquentes e violentos. E que merecem ser punidos.

E, na maioria das vezes, são pessoas fervorosas que estão na Igreja todos os dias comungando o corpo e o sangue de nosso Senhor Jesus Cristo que se tornam cúmplices daqueles que continuam crucificando Jesus nos dias de hoje. Enquanto pessoas que  nem se dizem católicas e nem professam em nenhuma outra religião estão defendendo a vida. Assumem com maior fidelidade elementos propostos pelo Reino de Deus.

Jesus vai até as últimas consequências na defesa da vida e do projeto da boa notícia que ele acredita. Tentaram intimidá-lo, mas ele continuou firme. É bom que nesse tempo da semana santa, começando pelo domingo de ramos, possamos nos questionar sobre que tipo de cristãos estamos sendo nós. Nos banqueteamos com o banquete de morte de Herodes ou estamos do lado daquele que propõe o banquete da vida plena?

A proposta do Reino de Deus não agrada a todos, pois mexe com interesses. É uma proposta que gera conflitos. Muitos que se colocaram contra esse sistema de morte, foram também, como Jesus de Nazaré, levados a tribunais, julgados, condenados e mortos. E com certeza muitos ainda o serão. O mais importante é continuar acreditando e lutando para que a páscoa aconteça.