quarta-feira, 27 de julho de 2016

CAPITALISMO



*Por: Benedito Gomes Rodrigues e Eliton Meneses


Quanto tempo ainda resta
De sofrer e de lutar
Por um mundo de justiça
E de amor em nosso Lar
– esta Terra que herdamos
E haveremos de deixar?

Há quem diga que não presta
Algo novo em seu lugar
Filhos de raça mestiça
Muito têm a reclamar
Dum passado em que ficamos
Nas galés a soluçar.

Mas as grades que nos prendem
Hoje em dia são discretas
Tão mais fortes que correntes
Prendem pessoas quietas
Comodismo e egoísmo
Viram vias prediletas.

Veja as flores inda pendem
Em histórias tão secretas
Verdades só aparentes
De cobiças irrequietas
Eis o deus Capitalismo
Com nuances abjetas.

É um deus insaciável
Não importa de onde venha
A comida que o alimenta
E o leite que ordenha
É o suor de quem trabalha
Cujo soldo é a lenha!

Um sistema deplorável
Onde importa o que mais tenha
Ao mujique a ferramenta
Ao senhor o que convenha
Vale menos quem batalha
Nessa lida sem resenha.

A injustiça é a regra
Num sistema deplorável
Que esquece a maioria
Tudo é negociável
O humano se dissipa
É produto descartável.

Mas há pobre que se alegra
Com a ordem implacável
Lhe falta sabedoria
Ou um coração afável
Talvez só lhe reste a tripa
Do banquete imensurável.

E o pior dos oprimidos
É o que escolhe o lado
Do patrão e o defende
Não sabendo o coitado
Que pode a qualquer momento
Ser na rua arremessado.

Humilhados e ofendidos
Trabalhador explorado
Um ou outro que ascende
Deixa de ser revoltado
Mas prossegue o movimento
Que jamais foi derrotado. 



* O Benedito é poeta, psicológico do IFCE/Campus Tianguá e militante popular.

  * Eliton Meneses é poeta e Defensor Público no estado do Ceará.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Organização Popular Ocupa BR em Aracati-CE


 Por Thales Emmanuel*

Na manhã de ontem, dia 25 de julho, em Aracati-CE, aproximadamente 600 pessoas, moradoras de quatro bairros da cidade, animados pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que integram a Organização Popular (OPA), ocuparam e interditaram trecho da BR 304, na altura da ponte que corta o Rio Jaguaribe.

A mobilização visou pressionar o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a efetivação de acordos não cumpridos, selados em ocupação anterior. As reivindicações variam desde a construção de uma passarela, para passagem de crianças que precisam atravessar a rodovia para chegar à escola, à iluminação pública.

A duplicação da BR 304, que já leva anos, tem impactado várias comunidades.



Diante da pressão popular – quando a interdição da rodovia chegava às seis horas de duração –, o superintendente do DNIT, Diógenes José Tavares Linhares, desembarcou no local, vindo de helicóptero direto da capital do estado.


As primeiras negociações aconteceram ainda no local da manifestação e uma audiência foi marcada para 16 de agosto, no intuito de concluir a questão. Só depois desses primeiros acertos a rodovia foi desocupada.


“Não vamos abrir mãos de nossos direitos. O DNIT prometeu e não cumpriu. Não aceitamos politicagem. Nossos filhos e netos precisam estudar sem o risco de morte que é atravessar esta pista todos os dias”, denunciou Maria das Dores, moradora da comunidade Pedregal.

Para Odahi Magalhães, da coordenação da OPA, “a mobilização é mais uma prova de que, quando a necessidade se junta à organização, o povo dá passos firmes em direção às transformações sociais necessárias”.


Entre os/as manifestantes, um sentimento se generalizou: “Esta é nossa forma de fazer política. Se dia 16 não resolver, retornaremos com mais força e a estrada ficará fechada por mais tempo”, disse Marcelo Nascimento, também da OPA.



*Thales Emmanuel é militante da Organização Popular (OPA) e do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST).

terça-feira, 19 de julho de 2016

Formação de Militantes das Causas Populares



Por Thales Emmanuel*
Entre os dias 13 e 17 de julho, na Comunidade de Resistência Luiz Carlos, em Russas-CE, trinta jovens participaram do 2° Curso de Formação de Militantes das Causas Populares – CFMCP.
Os/As educandos/as são oriundos de vários municípios da região do Vale do Jaguaribe e de Teresina-PI. Vieram aprofundar os estudos de temáticas como: O Que é Militância das Causas Populares, Como Funciona a Sociedade, Gênero e Diversidade Sexual, Época e Militância de Jesus de Nazaré, Teatro do Oprimido, Ditadura e Manipulação Midiática e Juventude Construtora de Uma Nova Sociedade.
O CFMCP é uma iniciativa da Organização Popular – OPA – e contou com a participação de jovens da Pastoral da Juventude (PJ), da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST).


“O desafio maior agora é o retorno ao trabalho de base, onde interagiremos na prática com o aprendizado adquirido aqui no curso”, destacou Leandro, educando e militante do MST.


Os educandos e educandas escolheram “Jucá” para nome da turma, por se tratar de madeira utilizada na luta de resistência dos povos originários contra o europeu colonizador.



“Estamos construindo perspectivas de Poder Popular. É juventude que se vincula à classe oprimida e explorada na construção de uma sociedade libertada, socialista”, falou Marcelo Nascimento, da coordenação da OPA.


*Thales Emmanuel é militante do MST e da OPA.