*Por Pe. Julio Ferreira, C.Ss.R.
Temos acompanhado nos últimos meses, a nível nacional, algumas ações dos poderes legislativo, executivo e judiciário que vão claramente na contramão da história, e ferindo de modo direto a classe trabalhadora, os pobres e marginalizados do país. No início do segundo mandato do governo Dilma, vimos os direitos adquiridos sendo retirados da classe trabalhadora, como aposentadoria, FGTS e seguro desemprego; em agosto assistimos a redução da maioridade penal sendo votada e aprovada pela câmara dos deputados em dois turnos; e mais recentemente a lei antiterrorismo, uma clara criminalização dos movimentos sociais, sendo aprovada pelo senado.
Além dessas ações, muitas outras aconteceram e vêm
acontecendo não só no País, mas também nos estados e municípios. Em um
seminário realizado pelos movimentos sociais e organizações populares da região
do Vale Jaguaribe, constatou-se o quanto as comunidades tradicionais vem sofrendo
ao enfrentar a fúria do grande capital, através dos grandes projetos:
agro-hidronegócio, carcinicultura, eólica e etc. Tudo isso com a conivência do
Estado.
E o que fazer diante dessa realidade? Percebe-se o quanto a
classe dominante está alinhada na hora de defender seus interesses, enquanto a
classe trabalhadora ainda não conseguiu se articular e se desfazer dos seus
individualismos. Pra vencer o dragão será necessário um enfretamento coletivo,
uma unidade das bandeiras de luta, já que o inimigo nos é comum. Como se
costuma cantar nos encontros das Comunidades Eclesiais de Base: "sozinho,
isolado, ninguém é capaz..."
Vislumbrei, nesse seminário, o grande Pentecostes narrado
pelos atos dos apóstolos, onde reunidos de vários lugares e línguas diferentes,
todos começaram a se entender. Quando se encontra o ponto de unidade, o
Pentecostes acontece! Acredito que os passos dados só trarão benefícios para as
lutas, as organizações, movimentos e as comunidades envolvidas. Se o que
conseguimos realizar a nível de região do Vale do Jaguaribe, com a participação
dos companheiros do Rio Grande do Norte, acontecesse a nível nacional, ações
como as citadas acima jamais teriam sido aprovadas.
*Missionário Redentorista,
Militante da Organização Popular de Aracati - OPA - Jornalista e Assessor das
CEBs do Regional NE 1.