*Por: Benedito
Gomes Rodrigues e Eliton Meneses
Quanto tempo ainda
resta
De sofrer e de lutar
Por um mundo de
justiça
E de amor em nosso
Lar
– esta Terra que
herdamos
E haveremos de
deixar?
Há quem diga que não
presta
Algo novo em seu
lugar
Filhos de raça
mestiça
Muito têm a reclamar
Dum passado em que
ficamos
Nas galés a soluçar.
Mas as grades que nos
prendem
Hoje em dia são
discretas
Tão mais fortes que
correntes
Prendem pessoas
quietas
Comodismo e egoísmo
Viram vias
prediletas.
Veja as flores inda
pendem
Em histórias tão
secretas
Verdades só aparentes
De cobiças
irrequietas
Eis o deus
Capitalismo
Com nuances abjetas.
É um deus insaciável
Não importa de onde
venha
A comida que o
alimenta
E o leite que ordenha
É o suor de quem
trabalha
Cujo soldo é a lenha!
Um sistema deplorável
Onde importa o que
mais tenha
Ao mujique a
ferramenta
Ao senhor o que
convenha
Vale menos quem
batalha
Nessa lida sem
resenha.
A injustiça é a regra
Num sistema
deplorável
Que esquece a maioria
Tudo é negociável
O humano se dissipa
É produto
descartável.
Mas há pobre que se
alegra
Com a ordem
implacável
Lhe falta sabedoria
Ou um coração afável
Talvez só lhe reste a
tripa
Do banquete
imensurável.
E o pior dos
oprimidos
É o que escolhe o
lado
Do patrão e o defende
Não sabendo o coitado
Que pode a qualquer
momento
Ser na rua
arremessado.
Humilhados e
ofendidos
Trabalhador explorado
Um ou outro que
ascende
Deixa de ser
revoltado
Mas prossegue o
movimento
Que jamais foi
derrotado.
* O Benedito é poeta,
psicológico do IFCE/Campus Tianguá e militante popular.