Por Thales Emmanuel*
Na manhã de ontem, dia 25 de julho,
em Aracati-CE, aproximadamente 600 pessoas, moradoras de quatro bairros da
cidade, animados pelas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), que integram a
Organização Popular (OPA), ocuparam e interditaram trecho da BR 304, na altura
da ponte que corta o Rio Jaguaribe.
A mobilização visou pressionar o
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) para a efetivação de acordos não cumpridos,
selados em ocupação anterior. As reivindicações variam desde a construção de
uma passarela, para passagem de crianças que precisam atravessar a rodovia para
chegar à escola, à iluminação pública.
A duplicação da BR 304, que já leva
anos, tem impactado várias comunidades.
Diante da pressão popular – quando a
interdição da rodovia chegava às seis horas de duração –, o superintendente do
DNIT, Diógenes José Tavares Linhares, desembarcou no local, vindo de
helicóptero direto da capital do estado.
As primeiras negociações aconteceram ainda
no local da manifestação e uma audiência foi marcada para 16 de agosto, no
intuito de concluir a questão. Só depois desses primeiros acertos a rodovia foi
desocupada.
“Não vamos abrir mãos de nossos
direitos. O DNIT prometeu e não cumpriu. Não aceitamos politicagem. Nossos
filhos e netos precisam estudar sem o risco de morte que é atravessar esta
pista todos os dias”, denunciou Maria das Dores, moradora da comunidade
Pedregal.
Para Odahi Magalhães, da coordenação
da OPA, “a mobilização é mais uma prova de que, quando a necessidade se junta à
organização, o povo dá passos firmes em direção às transformações sociais
necessárias”.
Entre os/as manifestantes, um
sentimento se generalizou: “Esta é nossa forma de fazer política. Se dia 16 não
resolver, retornaremos com mais força e a estrada ficará fechada por mais
tempo”, disse Marcelo Nascimento, também da OPA.
*Thales Emmanuel é militante da
Organização Popular (OPA) e do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra
(MST).
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