segunda-feira, 26 de março de 2012

Redentoristas, Mídia e Identidade

Há um tempo atrás escrevi algo sobre a Identidade Redentorista, num artigo intitulado “Ser Redentorista”, mas vejo que o tema continua atual e necessário de está novamente em pauta, já que a identidade é algo inegociável e inerente aqueles que se permitiram assumi-la como sendo parte de sua vida e missão.


Somos sabedores que as identidades se constroem e se afirmam numa dinâmica de luta dialética interna e externa de contrários. Segundo Bogo ( 2008) “uma coisa não pode existir sem que haja o seu oposto.” E ainda “a identidade se relaciona com o movimento das negações constantes seja na sua contradição principal seja nas demais contradições.”


Martino (2010) diz que “a identidade é algo que se desenvolve a partir dos discursos que definem as fronteiras simbólicas de quem se é a partir de um passado e um presente, responsáveis, igualmente, por ensaiar um projeto de futuro.” O que somos agora é, portanto, algo construído, proposto e fundado historicamente sem prazo de validade.


Coloco essas questões iniciais sobre a identidade para que possamos perceber o tamanho da nossa responsabilidade para com as gerações passadas e futuras. A vida religiosa nasceu com uma missão profética, provocadora. A vida religiosa é contradição desde o seu nascedouro. É negação de estruturas pesadas e opressoras, dentro da Igreja e na sociedade.


A Congregação do Santíssimo Redentor, nas suas origens e raízes, nasce com a missão de ser continuadora da obra de Jesus Redentor, pregando a Boa Nova aos pobres e abandonados. Afonso, nosso fundador, corajosamente trilhou um caminho contraditório. Quando muitos procuravam honras e glórias ele vai na direção dos cabreiros. Aqui está o centro da minha preocupação. Em que direção nós os filhos de Afonso estamos indo?


Estamos diante de um catolicismo midiático, onde, segundo Carranza ( 2011) “a mídia retira indivíduos do anonimato, desenvolvendo neles dispositivos de vedetização e glamourização que permitem personalizar figuras emblemáticas que concentram imaginários de felicidade, com os quais o público se identifica e nos quais projeta suas aspirações.”


Pautada por esse catolicismo midiático, que infelizmente alguns Redentoristas estão abraçando, uma Senhora se dirige para mim e pergunta: Padre Julio, por que os Redentoristas daqui não fazem sucesso? Por um lado fiquei feliz, pois há uma demonstração de que ainda estamos na direção dos cabreiros, pois não estamos fazendo “sucesso”, mas por outro fiquei preocupado pelos desvios que, enquanto Redentoristas, estamos fazendo do nosso Carisma e Espiritualidade. E é visível, é midiático.


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