Hoje, 25, é dia da cidade de Aracati, completando seus 170 anos. Aracati conhecida pelas belezas naturais, com suas praias, dunas, falésias, mangues e carnaubais. Aracati terra da arte colorida, da areia esculpida, dos homens e das mulheres teimosos por acreditarem na vida.
Aracati dos desfiles das escolas, das Igrejas, casas e casarões tombados, dos carnavais, dos paralelepípedos, da rua do comércio, dos poetas e dos lutadores. Contos, cantos, lendas, histórias, senhoras e senhores. O mercado, a carne, o peixe, a feira, o alecrim e o manjericão. E as conversas nas calçadas a espera dos bons ventos, que ultrapassam suas fronteiras.
Como esquecer as tradições, as procissões, Senhor do Bonfim, São Sebastião. É festa na cidade, é a festa da cidade. Soltemos fogos e balões. Toquem o sino da Matriz para anunciar que Aracati completa mais um ano de vida. Uma jovem cidade, linda, formosa, embora pareça mais velha, devido aos maus tratos sofridos pelo “tempo”, pelos desmandos do comando. Ela traz em si um potencial a ser descoberto, a céu aberto, para os que conseguem enxergar.
“Lá dentro da cidade há um clamor, cheio de soluço e dor, um desafio para nós”, nos diz o canto entoado pelas comunidades sofridas, carentes, esquecidas, que não podem ficar fora dessa festa. Comunidades do sertão, da periferia, sem trabalho, sem pão, sem moradia. Homens e mulheres teimosos que vão esculpindo a vida, cantando e lutando, pois só assim se constrói um Brasil e um Aracati novos.
Desfilam pelas nossas ruas, enrugadas, esburacadas, maltratadas, empunhando bandeiras e acreditando que é possível uma sociedade justa, fraterna e igualitária. Uma “feliz cidade” para todos! São as procissões sem tradições. É o povo marchando e dizendo que existe política para além das urnas e do voto. E que a cidade merece respeito, por que o povo merece respeito, merece e deve ser tratado com dignidade.
Aracati, terra da contradição: Do turismo, da droga, da prostituição infantil, dos grandes projetos como a carcinicultura e os transgênicos da Syngenta. Terra do sossego e da violência, das eólicas e das dunas interditadas aos nativos. Da carnaúba eternizada na bandeira, mas sem os cuidados devidos para a sua continuidade. Da água boa do morrinhos e da degradação ambiental. Aracati terra dos Royalties e da saúde enferma.
Nos seus 170 anos, querida cidade, festejamos porque somos cidadãos e cidadãs que lhe queremos bem, mas também nos indignamos por não cuidarem de você como merece. Jamais cruzaremos os braços, Aracati. Hoje nos comprometemos que, independente de quem tenha saído das urnas para o seu governo, estaremos apostos e dispostos a continuar lutando para que seja lugar prazeroso e agradável para os seus filhos e filhas, sem privilégios, e os que lhe adotaram como sua.
Derrubada de carnúbas e aterramento de lagoa na Ilha São José para carcinicultura |
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