É natal,
fim da espera. Concretiza-se a esperança. A encarnação da palavra acontece. O
Messias está entre nós. Momento como esse jamais havia se dado na história da
comunicação entre o divino e o humano. O diálogo entre Deus e a humanidade
ultrapassa, agora, “o limite do código verbal”. O verbo se torna carne, gente, texto
vida, contexto, gesto, enfim um de nós.
A vinda do Deus menino é mais do que se espera numa relação comunicacional. Com essa atitude, a comunicação entre Deus e a humanidade passa a ser dialógica. Há interlocutores no processo comunicativo. E é por isso que está entre nós não qualquer menino, mas aquele que vem provocar reflexões e mudanças no nosso jeito de ser e de fazer, a partir da maneira como ele mesmo construiu o seu texto vida.
O texto traduzido em vida é boa nova para os pobres, pequenos e marginalizados, mas ao mesmo tempo é ameaça para os grandes e poderosos. O Emanuel, Deus conosco, vem comunicar vida e vida em abundância. Para isso questiona as relações injustas que dificultam a vivência do Reino, conteúdo privilegiado da sua pregação.
Natal é, pois, mais do que simples palavra, é encarnação. Devemos então nos perguntar se estamos nos traduzindo em gestos e atitudes que promovem vida e esperança ou se somos apenas palavras? O que nossas vidas comunicam? De que maneira nossa presença é ameaçadora para os que continuam oprimindo os pobres, excluídos dos nossos dias?
Que, como Jesus, consigamos construir o texto de nossa vida, pautado naquilo que somos chamados a comunicar: a boa nova do Reino. Que a encarnação seja entendida por nós como sendo permanente e contextualizada, não apenas passado, mas presente e futuro. Ultrapassemos, também nós, “o limite do código verbal”.
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