A Construção do Poder Popular foi a tônica do encontro
regional da OPA - Organização Popular -, que aconteceu de 04 a 06 de outubro em
Aracati - Ceará. A História da Revolução Russa nos serviu de análise da conjuntura
e base para adentrarmos ao tema. Nada melhor do que se partir de experiências
vividas para a compreensão do que se quer construir.
O projeto de Poder Popular é algo latente, que pulsa nas
veias e bombeia o sangue dos militantes e das militantes das causas
populares em tempos e espaços diversos. Segundo o MCP - Movimento das
Comunidades Populares -, o Poder Popular é a organização permanente de
todo o povo em seus locais de moradia, trabalho e estudo. É algo construído de
baixo para cima, a partir da base.
Para o pensador marxista uruguaio, Raul Zibechi, o Poder Popular é
algo distinto do Estado e que está em conflito com ele, seja num governo
de direita ou de esquerda. "O Poder Popular é uma
auto-organização de sujeitos revolucionários." Ainda,
segundo Zibechi, "nos espaços onde predomina o Poder Popular não
poderá ser reproduzida a lógica capitalista. Aí deverão ser potencializadas as
práticas comunitárias, socialistas, coletivas, comunistas." "Tem
de ser um poder diferenciado," diz ele.
Segundo Ademar Bogo, para o projeto de Poder Popular ser vitorioso é de
fundamental importância que se leve em conta duas coisas: a cultura e a luta de
classes. "Não pode haver um projeto de sociedade futura sem considerar e
sem valorizar a cultura popular". Continua ele: "O projeto é de
classe, mas contempla o popular que circunda a classe, quando as forças
populares, esperançosas por mudanças, se vinculam ao projeto consciente e
solidário formulado pela classe organizada."
No processo de construção do Poder Popular, um fator que
não pode ser esquecido é o poder midiático. O Poder Popular passa também
pelo controle da comunicação. Por isso, diz Leopoldo Volanin, é necessária uma
reação em conjunto dos movimentos e da sociedade civil organizada para
contrapor-se a essa ditadura midiática. "A democratização dos meios de
comunicação será a via mais rápida para por fim a conflituosa relação entre
mídia e movimentos sociais, sinaliza.
Esse tema continuará sendo pauta de estudo dos grupos de
base para aprofundamento e será retomado no próximo encontro da OPA, nos dias
08, 09 e 10 de dezembro, em Teresina - Piauí.
*Padre
Júlio Ferreira é Missionário Redentorista e militante da OPA.
Parabens Padre Julio! Excelente texto. Muito bem destacados o que tange o poder popular. Ter consciência de classe é fundamental para perceber o quanto somos explorados pelas elites dominantes. O poder popular é necessário no rompimento desse paradgma.
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