Mais uma eleição se aproxima, bandeiras desfilam pelas ruas, carreatas, palanques, paixões. Os mesmos discursos, apenas com as variantes limpa e suja, por causa da lei da ficha limpa. Creditam-se todas as esperanças nas urnas, como se dela saíssem todas as resoluções dos nossos problemas. Ainda não caiu a verdadeira ficha, que existe política para além do voto.
É preciso que tenhamos consciência de que as mudanças estruturais só irão acontecer quando despertarmos o político que há em cada um de nós. Somente tirar prefeitos e vereadores das urnas não vai adiantar, sejam eles sujos ou limpos, já estão comprometidos com o sistema de dominação que impera em nosso país, embora haja boa vontade de alguns em apoiar as causas populares, a instituição política partidária vigente, corroída e em estado de falência, os deixam engessados.
O que temos feito ao longo dos anos, nas urnas, é empoderar pessoas que se dizem nossos representantes. E o que mudou? Continuam sobrando às migalhas para os pequenos e pobres, enquanto as “vacas de basã” continuam se deleitando com o que há de melhor. Penso que já está mais do que na hora de nós mesmos nos representarmos, sem ser necessário assinar folha em branco, dando procuração para A ou B ou C. Crescer politicamente é o desafio que nos é posto nesse cenário.
A organização Popular é o caminho. Faz-se urgente trabalhar as bases, tornar-nos parceiros, companheiros, irmãos, pois a luta nos é comum, o sonho nos é comum, como também o inimigo nos é comum, o capital. O enfrentamento nos pede sabedoria, audácia e comprometimento. E, acima de tudo, a capacidade de juntarmos nossas bandeiras, nossas vozes, nossos gritos.
Os grandes projetos (carcinicultura, eólicas, transposição, agrohidronegócio, barragens, usinas, copa 2014 e etc.), o extermínio da juventude, a falta de educação de qualidade, as filas nos postos de saúde e hospitais, a defasagem de moradias decentes, precariedade nas estradas e transportes, o acúmulo de terra e de pão, e tantas outras mazelas que nos afligem não nos podem ter como cúmplices.
O próximo dia 07 de outubro não é para nos deixar paralisados, anestesiados, amordaçados, acomodados. Durante quatro anos temos que ser vigilantes e atentos para as negações de direitos. E exigí-los quando necessário. Temos que ser profetas e profetisas. O “rei” não é posto para fazer suas vontades, mas para praticar o direito e a justiça. Nosso papel e nossa missão estão para além das urnas, para além do voto.
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