*Por Pe. Julio Ferreira, C.Ss.R.
Penso que nós, Igreja da libertação, organizações e movimentos populares, temos uma enorme responsabilidade diante da atual situação conjuntural em que nos encontramos. O principal motivo que me leva a essa conclusão se liga diretamente à confiança e referência que representamos para o povo, com suas necessidades e expectativas.
Diante disso, acredito ser da mais fundamental importância, e
não pode ficar para mais tarde, a revisão de métodos, estratégias e até o
realinhamento com nossos objetivos. Se não fizermos isso, estaremos fadados a
mesmice e ao descrédito. Está mais do que na hora de avançarmos para águas mais
profundas, de comermos algo mais substancial, de enfrentar o grande capital com
outra arma que não seja a pedra e o estilingue. Precisamos nos inquietar e não
ficarmos satisfeitos com o que estamos fazendo e como estamos fazendo.
Como os filhos das trevas são mais espertos do que os filhos
da luz, eles já sabem que nós iremos chegar de madrugada e que iremos acampar;
já sabem quais são as nossas reivindicações e as promessas que irão fazer; eles
já sabem que daremos a volta em torno da lagoa, faremos uma longa caminhada,
celebraremos a missa e voltaremos para casa sem ousadia. Eles já sabem,
investem e apostam em nossa dispersão, divisão... enquanto se articulam e
ganham coesão.
Sei que não é fácil se desfazer daquilo que há anos se tem
feito, mesmo não trazendo os resultados esperados. Ter conquistado o pouco já
nos dá a sensação de sermos vitoriosos. Mas não é para isso que existimos, não
é essa a nossa razão de ser: ficar dando volta em torno de nós mesmos e aceitar
que esse sistema perverso continue nos dando as sobras e nos mandando de volta
pra casa não faz parte das nossas origens. É preciso voltarmos às nossas
raízes.
Ao longo dos anos e da nossa história temos acumulado
experiências e conteúdos. Creio que, se sentarmos organizados e colocarmos
todos os nossos saberes em comum, vai nascer algo jamais visto, mas há muito
esperado. Nos demos essa oportunidade. Todos sairemos ganhando. E não serão
migalhas.
*Missionário Redentorista, Militante da Organização Popular
de Aracati - OPA - Jornalista e Assessor das CEBs do Regional NE 1.
Gostei muito, Padre Júlio. Você me representa. Precisamos estudar e praticar novos métodos para sermos mais coerentes e eficientes na construção do projeto de Jesus.
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