Aracati, 04
de setembro de 2015.
*Por
Jonesilson Doddy
“Bem comum”, ideia que a sociabilidade burguesa trata de
esvaziar de forma e de conteúdo. Enquanto interesses individuais e interesses
coletivos se digladiam numa luta de morte, a indignante desigualdade social já
não indigna tanta gente, torna-se espetáculo, audiência, pânico de chegar
também à minha porta.
No campo político, este conflito está nitidamente presente.
Os partidos se esquecem do caráter universalizador que deveriam carregar, ainda
que alguns só hipocritamente, e pisam a rinha do poder já sem disfarce: “Se eu
cair, levarei muita gente comigo.” O adversário antagônico torna-se rapidamente
o aliado inseparável, ambos precisam devolver, multiplicado, o que foi entregue
por seus financiadores de campanha. As grandes empresas universalizam entre si
o direito, quer dizer, o poder de eleger seus governantes.
Tempos de crise. O capitalismo é uma crise! A direita convoca,
sai às ruas com gritos antes só ouvidos de gargantas de esquerda. Estratégias
para atrair o povo para seu lado. Quer chantagear, provocar sangria, quer
derrubar o governo custe o que custar.
E a esquerda? Vai às ruas com seus gritos e bandeiras. Alguns
movimentos até defendem o atual governo. “A outra direita é ainda pior”,
alegam. O governo se encontra sufocado e sem forças. Chegou ao poder graças aos
movimentos e organizações populares, mas não governou com os mesmos. Aliou-se à
chantagem, sendo alvo desta. Não percebe que chantagem exitosa é só a premissa
para mais chantagem? Tombando pro lado de cá, o governo busca se apoiar nos
movimentos, que, por sua vez, ficam sem apoio do governo.
Impossível sobreviver por longa data neste jogo de
interesses.
Para os movimentos e organizações populares, nem retrocessos
nem falsas alternativas. Caminhar como se pode, com a condição de ser com as
próprias pernas.
*Josenilson Doddy é militante da Pastoral da Juventude do
Meio Popular (PJMP) e da Organização Popular (OPA).
Nenhum comentário:
Postar um comentário