*Por Pe. Julio Ferreira, C.Ss.R.
Quero iniciar
essa temática com uma afirmação de Noblat (2005), quando ele afirma que o
público acredita (ou quer acreditar) no que o jornalista diz, porque parte do
pressuposto de que ele diz (ou tenta dizer) a verdade. A credibilidade, segundo
ele, é o principal bem do jornalista. Na mesma linha de pensamento, Mário Rosa
(2008) diz que o jornalista não vende mercadoria e sim confiança. Ele traz em seu
bojo a credibilidade.
Para a maioria
das pessoas, o que chega em suas casas como realidade, chega através da mídia,
seja ela falada ou impressa. Segundo Christofoletti (2008), atualmente, a mídia
ocupa lugar central na vida de todos. Ajuda a moldar nosso imaginário,
estabelecer prioridades e descartar opções. Por isso, o jornalista tem que ter
bem presente, e de maneira consciente, o tamanho da importância do seu papel na
sociedade.
Infelizmente, nem todo jornalista, no exercício da
profissão, pensa o Jornalismo como criador de democracia e o coloca no viés do
sensacionalismo e da mercadoria. O que nasceu para ser "salvaguarda"
da sociedade passa de repente a ser temido pela mesma. Há um descompromisso do Jornalismo
com a sociedade e seus problemas. O imperativo é vender notícia, a qualquer
custo. Para Bucci (2008) já não é aceitável o argumento dos que dizem oferecer
aquilo que o povo pede.
Na sociedade do
espetáculo, o interesse econômico se sobrepõe aos valores humanos. Segundo
Adorno e Horkheimer (apud PATIAS, 2006: 88), na indústria cultural tudo se
torna negócio e a pessoa humana ganha um coração máquina. No reino do
espetáculo, o ser humano deixa de ser sujeito da sua historia e passa a ser um
mero consumidor das produções espetaculares produzidas pela mídia, que, na
visão de Patias (2006), subvertem a ordem de importância e veracidade dos
fatos.
O cotidiano, a
vida real, aparecem nas telas como se fossem uma ficção, mais uma novela.
Segundo Bucci (2008), as câmaras invadem barracos e cortiços, e gravam sem
pedir licença à estupefação da família de baixíssima renda que não sabe direito
o que se passa.
Os jornalistas
têm a capacidade de transformar o cotidiano, na visão de Bourdieu (1997), em extra-cotidiano. Para
ele, os jornalistas têm “óculos” especiais a partir dos quais vêem certas
coisas e não outras [...] O princípio de seleção é a busca do sensacional, do
espetacular. Nem sempre o que é de interesse público parece ser interessante
aos olhos dos profissionais da Imprensa.
*Missionário Redentorista,
Militante da Organização Popular de Aracati - OPA - Jornalista e Assessor das
CEBs do Regional NE 1.