*Por Pe. Antonio Julio
Ferreira de Souza, C.Ss. R.
O mundo urbano tem
trazido inúmeros desafios para as Comunidades Eclesiais de Base, e a cultura da
comunicação é um desses desafios. Como diz Joana Puntel, a Igreja encontra-se
diante de uma nova ambiência, a cultura midiática. Como dialogar com essa nova
cultura? Provocadas por essa inquietação, as CEBs do Brasil realizaram de 23 a
24 de janeiro, em Londrina - Paraná, o 1º Seminário de Comunicação, com o tema:
os desafios da comunicação das comunidades eclesiais de base.
O chão de onde
parte a comunicação das CEBs com seus contextos, a complexidade dos cenários
eclesiais, sociais e políticos deve ser a primeira preocupação. Comunicar a
partir do quê? Com quem as CEBs querem interagir? A quem pretendem atingir com
a comunicação? Partir da ilha para o continente é um dos grandes desafios,
segundo o assessor Pe. Edson Thomassin.
Para fluir a
comunicação, não basta que se tenha os instrumentos. Thomassin afirma que se
faz necessário descobrir a intencionalidade política do que se quer comunicar.
Quais são as abordagens das CEBs? Como se apropriar das potencialidades e da
capacidade de construção coletiva das comunidades? Celso Carias, assessor
nacional das CEBs, enfatizou a importância do cuidado com que se publica,
questionando a relevância dos conteúdos.
Um olhar
comunicativo, através da arte, foi provocador no seminário. Para Anderson
Augusto, artista plástico, a arte também comunica, unifica, cria... ela, a
arte, reflete contextos de vida, de culturas. "A arte é uma forma de
externar nossa compreensão de nós mesmos e de mundo, de conformidade ou de
transgressão," disse Augusto.
Antônio Baiano,
compositor, cantor e animador das CEBs, alertou para que a arte nas CEBs não se
torne apenas um apêndice, mas que seja reconhecida como valor e parte
indispensável na caminhada. Segundo Baiano, "a música fala quem nós somos,
diz de nossa identidade e do nosso compromisso." Um outro desafio apontado
pelo seminário, na fala de Miguel Modino, foi a desconstrução da comunicação
como instrumento de dominação e poder, característica da grande mídia.
Comunicação, arte
e cultura estão estritamente interligados. Para o doutor e mestre em comunicação
pela ECO/ UFRJ, Fernando Gonçalves, "no processo comunicativo, a arte como
processo simbólico é um espaço rico para questionamentos acerca da comunicação
e da cultura."
O seminário de
comunicação, para Leoni Garcia, da coordenação de comunicação do 14º
Intereclesial, veio mostrar que é possível passar das ideias para o concreto.
Com iniciativas como essa, as CEBs só têm a ganhar. Saímos daqui com a missão
de investir mais na técnica, nas pessoas e na qualidade das informações. E o
mais importante, em tudo isso, no fortalecimento da rede de comunicação.
*Missionário Redentorista, militante da OPA e
Jornalista
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