Por Josenilson Doddy*
“Envolver-se
na política é uma obrigação para um cristão”, falou papa Francisco em um
encontro no Vaticano com crianças e jovens de escolas e movimentos jesuítas.
Há
muito se fala que a juventude é o futuro, o amanhã, imprimindo-lhe um papel
meramente expectador, inerte, diante de um quadro político e social que depende
de sua intervenção cotidiana, presente, para que lá na frente o referido
"amanhã" ganhe significado pleno de sentido.
É
comum se ouvir comparações da atual geração de jovens com aquela que resistiu
bravamente aos anos de chumbo iniciados com o golpe militar-empresarial de
1964. Geralmente em tom saudosista, se diz que a juventude não é como antes.
Parte
considerável da descrença para com nossos jovens vem das distorções fomentadas
pela mídia comercial, que padroniza o "bom sujeito" na quadratura do
comportamento moralmente aceitável, enquanto invisibiliza ou demoniza aqueles e
aquelas que escapam ao seu canto de sereia. Parafraseando dom Hélder Câmara, se
der comida aos pobres, será condecorado como herói; mas, se perguntar aos
pobres sobre a causa da pobreza e, "pior", se engajar-se em sua luta
para superar a miséria pela raiz, será crucificado como vândalo, baderneiro ou
coisas do tipo, e quem sabe até merecer matéria no Jornal Nacional.
A
juventude cristã precisa ocupar a política, mas de um jeito que se enfrente os
desafios da construção da justiça social, da igualdade, combatendo as
artimanhas e a violência das forças do capital com criatividade, coração e
mente. Como ficou demonstrado nas milhares de escolas ocupadas em 2016, contra
a PEC 55, batizada de "PEC da morte"; contra o amordaçamento do
pensamento crítico, sintetizado no projeto "Escola sem partido"; e
por muito mais.
Saibamos
também que falsa profecia não tem idade. Alguns jovens são bancados por grandes
empresas para que manipulem outros jovens e a consciência do povo em geral.
Defendem os interesses dos exploradores, dos Césares, contra a classe
explorada.
Ainda
que arroguem a Cristo em seus discursos, ainda que frequentem a missa ou o
culto semanalmente, negam frontalmente a mensagem libertadora do Reino. São
profissionais da mentira! Seu fermento, como o dos fariseus e saduceus de
outrora, é pura hipocrisia.
A
juventude cristã sonha coletivamente sonhos de libertação e vai à luta para
realizá-los, organiza-se, questiona a origem das injustiças. No convívio com o
povo oprimido - na favela, na fábrica, nas escolas, no campo - aprende a
reconhecer que o essencial e a simplicidade não se separam. Também ensina o que
aprendeu, gratuitamente. Assim como Jesus, toma partido, tem um lado e, com seu
testemunho, convida, convoca a todos e todas, independente da idade, a assumir a
construção de uma nova sociedade, plena de comunhão.
Josenilson Doddy é militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Organização Popular (OPA).
Parabens pela reflecao
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