Por Thales
Emmanuel*
Ingenuidade é atribuir ao “amor ao próximo” uma
conceituação exclusivamente ética, moral. A prioridade dada à pessoa humana versa
mesmo é de pressuposto lógico-existencial.
A igualdade social não é só um clamor, um grito ou
uma utopia. A igualdade social é nosso passaporte para o futuro. A tecnologia
mais avançada, sequer imaginada nos filmes de ficção, aquela que nos conduz ao
amanhã, pode ser experimentada com um simples “sair de si”, e só dessa forma.
Sem esse reencontro com nosso princípio existencial
fundador – o outro –, a bomba atômica prevalecerá. A mais-valia esgotará de tal
maneira a natureza, que uma reação liquidante para a humanidade será
inevitável. A vida exigirá passagem. A prevalência da bomba é nossa morte. E a supremacia
da propriedade privada se constitui na mais vergonhosa sujeição da humanidade ao
Império da Pólvora.
Engana-se quem acredita que com gás lacrimogêneo ou
chumbo, pau-de-arara ou difamação jornalística, encardirá na maioria o estigma
da eterna humilhação. A memória transpira, exala-se em sangue, sangue que banha
a pele e a favela inteira. Tá na carne, não no cérebro. Quantas Bastilhas arrasadas
a mãos nuas serão ainda necessárias até que compreendamos que a mentira e a
opressão são cumulativas? O “estrondo do trovão” ressurgirá invariavelmente,
em feição de revolta ou de Revolução.
Assim, nunca será redundância dizer que o ser humano
nasceu para ser gente, não numa sociedade alicerçada em antagonismo de classes,
como a capitalista. Antes, trata-se de denúncia, alimento revolucionário.
Que a lógica do amor não deixe se “apagar o
arco-íris”!
*Thales Emmanuel é militante do Movimento dos/as
Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST) e da Organização Popular (OPA).
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