Ontem, 15 de março, o Brasil foi tomado por incontáveis manifestações contra o projeto antipopular e pró-capital personificado pelo presidente golpista Michel Temer (PMDB). Para além das capitais, muitos outros municípios realizaram manifestações. Há estimativas que variam entre 600 mil e mais de um milhão de pessoas em todo o país.
Foi o caso de Crateús, cidade de pouco mais de 70 mil habitantes, no interior do Ceará. Sete dias após as mulheres tomarem as ruas e ocuparem o prédio do INSS contra Temer e sua política de retirada de direitos da classe trabalhadora, organizações e entidades tornaram a protestar pelos mesmos motivos, inserindo-se na luta nacional que mobilizou e paralisou vários setores sociais, da polícia civil a metroviários.
O ato se iniciou por volta das 8:40h, com uma marcha pelo centro da cidade. Escolas municipais e a agência local do INSS paralisaram suas atividades em protesto. A aula foi na rua. Indígenas, camponeses/as, professores/as, estudantes, trabalhadoras/es do campo e da cidade aderiram.
Aproximadamente às 10h, os mais de 300 marchantes ocuparam a prefeitura municipal, sendo liberada somente às 21h, após audiência de negociação de reivindicações com o prefeito Marcelo Machado (do partido Solidariedade) e seu secretariado.
Fábio Pereira, do Movimento dos/as Trabalhadores/as Rurais Sem Terra (MST), falou da perseguição atual sofrida pelos movimentos populares, citando como exemplos os exilados políticos do MST. “Militantes com prisão decretada por simplesmente organizarem a luta pelo direito constitucional à Reforma Agrária. Além da criminalização da luta popular, no campo, outro plano dos golpistas é reprivatizar as terras dos assentamentos. O agronegócio assassina gente, a natureza, adoece os alimentos e agora pretende nos expulsar novamente de nossas terras. Só superaremos este estado de coisas pela nossa união de classe e pela nossa luta. Fora, Temer!”
A professora Regina Coele, da Universidade Estadual do Ceará (UECE), lembrou a importância da participação das crianças e da juventude no ato: “Estão aqui crianças e jovens do campo e da cidade, e isso é muito importante. Esse presidente que aí se encontra é um golpista, sim! O governo do PT também pecou em sua política de alianças. Não repetiremos esse erro! A esquerda precisa fazer uma autocrítica.”
Enquanto a Rede Globo segue com seu editorial concedendo amplo destaque a pequenos batidos de panela em bairros nobres; no mundo real, as manifestações populares só se ampliam.
*Thales Emmanuel é militante do MST e da Organização Popular (OPA).
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