A indústria do câncer começou a se instalar na Chapada do
Apodi (CE) na década de 1980, com a expulsão de milhares de famílias que lá
moravam e produziam em relação íntima com a natureza.O agronegócio queria
financiamento, terras férteis, infraestrutura e mão-de-obra que pudesse
explorar. Como um obediente gênio da lâmpada, o Estado atendeu a todos os seus
pedidos, reprimindo qualquer opinião contrária, sendo inclusive conivente com
assassinatos, como é o caso de Zé Maria do Tomé, morto com 25 tiros, por
protestar contra a pulverização aérea de agrotóxicos. O agronegócio adoeceu a
Chapada e seu entorno, deixando a região com um dos maiores índices de câncer do
país.
Muitas lutas ocorreram desde então, até que, em 2014, com apoio
de várias organizações, aproximadamente 1200 famílias sem-terra moradoras da
Chapada ocuparam uma área do perímetro irrigado. Contrariando os interesses das
grandes empresas, iniciaram um processo de transição para produção de alimentos
saudáveis, sem veneno.
Ciente do inevitável apoio social que a produção sustentável
representaria, o agronegócio, em cumplicidade com adeptos políticos e da mídia
comercial, passou a perseguir permanentemente o acampamento, batizado de Zé
Maria do Tomé. Em resposta, o povo seguiu divulgando, com o fazer cotidiano, a
concreta esperança de produzir alimentos saudáveis para toda população.
A pressão popular fez com que, em 2015, o governo federal
assinasse decreto para o assentamento das famílias na área ocupada. Medida
desfeita recentemente pelo golpista Michel Temer, para quem o destino do Brasil
é inseparável da escravização da classe trabalhadora, da privatização dos bens
públicos e da destruição da natureza.
A qualquer momento a comunidade poderá sofrer uma ação de
despejo. As famílias, movimentos populares e a Igreja Católica local disseram
que resistirão até as últimas consequências. “Conosco pulsa a memória dos que
tombaram e a união dos que comungam com um projeto de libertação para o campo e
cidade brasileiros.”
Da parte dos que resistem, muitas tentativas foram tomadas
para evitar o pior. No entanto, os representantes do Estado, entre eles o
senador Eunício de Oliveira, mostraram-se insensíveis aos pedidos da
comunidade. Que o Estado, assumindo explicitamente o lado do agronegócio, arque
então com as consequências de uma tragédia anunciada.
PRODUZIR ALIMENTOS SEM
AGROTÓXICO NÃO É CRIME!
PARTICIPE! ESSA LUTA É NOSSA!!!
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