sexta-feira, 27 de julho de 2018

A Luta Das Mulheres Por Uma Sociedade Igualitária



A luta das mulheres por vida digna existe há séculos e, por que não dizer, milênios. Apesar de importantes conquistas, ainda não se chegou ao ponto de falar aos quatro cantos: “Agora, sim, mulherada, temos voz e vez!” Este objetivo é o que buscam muitas mães de famílias, mulheres da classe trabalhadora, militantes.

Maria de Nazaré, uma das pioneiras nessa luta que se tem notícia, grávida ainda muito jovem e pobre, ela moveu com sua coragem uma sociedade inteira. Foi contra a opressão e, por isso, caluniada e perseguida pelos poderosos. Mas não desistiu de lutar por ideais de igualdade e justiça, os mesmos que ensinou a seu filho. 

As mulheres, especialmente da classe trabalhadora, têm o rosto de Maria de Nazaré em sua essência. Anseiam por justiça, dia após dia. Muitas cantarolam e rezam para que sua realidade social mude, sem mesmo saberem a força que têm. Trabalham dia e noite para sustentar sua família, vítimas de um sistema que as marginaliza. Milhares são violentadas diariamente nas ruas, no trabalho e no lar. Isso tem que parar! 

Não cabe assistirmos a tudo como plateia, sentadas/os ou em pé, observando ou aplaudindo. Temos que estar dentro do espetáculo que transforma a sociedade. 

No ano de 1932, as brasileiras conquistamos o direito ao voto. Uma conquista ainda segregada e maquiada pelos poderes instituídos. Mulheres casadas só podiam votar se os maridos permitissem, e as solteiras e viúvas só teriam este direito se possuíssem renda própria. Contradição de uma sociedade marcadamente machista e patriarcal!

Muitas e difíceis lutas foram necessárias para chegarmos até aí, e muitas outras surgiram e surgirão pela frente. O caminho para a igualdade plena ainda é longo. As lutas feministas elegeram a primeira deputada no Brasil, Carlota Pereira Queiroz, no ano de 1934. E somente em 1946 a obrigatoriedade do voto foi estendida às mulheres, tal como era para os homens.

Para que as mulheres estejam presentes e desempenhando seu papel como indivíduos de direitos é preciso dialogar sobre política, é preciso fazer política! Uma política que discuta sua história, seu papel na sociedade, seus anseios e medos diante dos preconceitos e discriminações. Discutir sobre raça, sexualidade, família, moradia, trabalho, educação, saúde, reformas tributárias, agrária e trabalhista, discutir sobre o feminicídio, sexismo e sobre as relações de oprimidos e opressores existentes no capitalismo. É preciso ter coragem como Maria, como Patrícia, Margarida... e não temer a luta pela dignidade que deve constar a todo ser humano. 

Angela Davis, ativista norte americana, exemplo desde a década de 60 e inspiração para muitos movimentos de mulheres, pontua em seu livro “Mulheres, Cultura e Política” a importância da perseverança nas lutas: “Lembrem-se que vocês não devem apenas imaginar e sonhar com seus objetivos futuros – bem como com o futuro do mundo –, mas devem se levantar, unir-se e lutar pela paz, por empregos, pela igualdade e pela liberdade!” 

Portanto, mulheres, nossa luta é a partir de nossa casa, mas também é em saída. Quebremos as correntes que nos aprisionam! As correntes da discriminação, da pobreza e da violência opressora, alimentadas por esse poder obscuro que lucra a partir do sofrimento do povo. E vamos juntas e juntos rumo à uma sociedade igualitária. Que os opressores tremam com mulheres que sonham e que lutam! 



Por Caroline Cirqueira, militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Organização Popular (OPA).

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