A
luta das mulheres por vida digna existe há séculos e, por que não dizer,
milênios. Apesar de importantes conquistas, ainda não se chegou ao ponto de
falar aos quatro cantos: “Agora, sim, mulherada, temos voz e vez!” Este
objetivo é o que buscam muitas mães de famílias, mulheres da classe
trabalhadora, militantes.
Maria
de Nazaré, uma das pioneiras nessa luta que se tem notícia, grávida ainda muito
jovem e pobre, ela moveu com sua coragem uma sociedade inteira. Foi contra a
opressão e, por isso, caluniada e perseguida pelos poderosos. Mas não desistiu
de lutar por ideais de igualdade e justiça, os mesmos que ensinou a seu filho.
As
mulheres, especialmente da classe trabalhadora, têm o rosto de Maria de Nazaré
em sua essência. Anseiam por justiça, dia após dia. Muitas cantarolam e rezam
para que sua realidade social mude, sem mesmo saberem a força que têm.
Trabalham dia e noite para sustentar sua família, vítimas de um sistema que as
marginaliza. Milhares são violentadas diariamente nas ruas, no trabalho e no
lar. Isso tem que parar!
Não
cabe assistirmos a tudo como plateia, sentadas/os ou em pé, observando ou
aplaudindo. Temos que estar dentro do espetáculo que transforma a sociedade.
No
ano de 1932, as brasileiras conquistamos o direito ao voto. Uma conquista ainda
segregada e maquiada pelos poderes instituídos. Mulheres casadas só podiam
votar se os maridos permitissem, e as solteiras e viúvas só teriam este direito
se possuíssem renda própria. Contradição de uma sociedade marcadamente machista
e patriarcal!
Muitas
e difíceis lutas foram necessárias para chegarmos até aí, e muitas outras
surgiram e surgirão pela frente. O caminho para a igualdade plena ainda é
longo. As lutas feministas elegeram a primeira deputada no Brasil, Carlota
Pereira Queiroz, no ano de 1934. E somente em 1946 a obrigatoriedade do voto
foi estendida às mulheres, tal como era para os homens.
Para
que as mulheres estejam presentes e desempenhando seu papel como indivíduos de
direitos é preciso dialogar sobre política, é preciso fazer política! Uma
política que discuta sua história, seu papel na sociedade, seus anseios e medos
diante dos preconceitos e discriminações. Discutir sobre raça, sexualidade,
família, moradia, trabalho, educação, saúde, reformas tributárias, agrária e
trabalhista, discutir sobre o feminicídio, sexismo e sobre as relações de
oprimidos e opressores existentes no capitalismo. É preciso ter coragem como
Maria, como Patrícia, Margarida... e não temer a luta pela dignidade que deve
constar a todo ser humano.
Angela Davis, ativista norte americana,
exemplo desde a década de 60 e inspiração para muitos movimentos de mulheres,
pontua em seu livro “Mulheres, Cultura e Política” a importância da
perseverança nas lutas: “Lembrem-se que vocês não devem apenas imaginar e
sonhar com seus objetivos futuros – bem como com o futuro do mundo –, mas devem
se levantar, unir-se e lutar pela paz, por empregos, pela igualdade e pela
liberdade!”
Portanto,
mulheres, nossa luta é a partir de nossa casa, mas também é em saída. Quebremos
as correntes que nos aprisionam! As correntes da discriminação, da pobreza e da
violência opressora, alimentadas por esse poder obscuro que lucra a partir do
sofrimento do povo. E vamos juntas e juntos rumo à uma sociedade igualitária.
Que os opressores tremam com mulheres que sonham e que lutam!
Por Caroline Cirqueira,
militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Organização
Popular (OPA).
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