sexta-feira, 10 de julho de 2015

A falsa interpretação do papel do partido resulta no retrocesso



*Por JosenilsonDoddy

Todos os direitos até aqui conquistados neste país foram através de muita organização e lutas populares. Neste processo histórico em que os conflitos de classes determinaram o ritmo, a igualdade de direitos nunca existiu de fato para todos, mas tão somente de modo formal, no papel.

Da parte dos oprimidos, as conquistas podem gerar certo acomodamento, mas uma batalha vencida, se não impulsiona para seguir adiante na guerra, faz retroceder as forças, dando poder aos opressores, quase sempre bem consolidados em seu domínio e dispostos a tudo para se manterem no alto. 

Chega-se ao ponto de a tão sonhada democracia, no sentido original de poder que emana do povo, ser propositalmente confundida e sustentada por uma relação indireta com o poder, em que os representantes eleitos pouco representam os interesses daqueles que lhe “concederam” esse direito. A participação do povo se torna assim mero artifício de dominação.

A consciência democrática fortalecida pela resistência à ditadura militar do Brasil, e enraizada nos movimentos de trabalhadores das cidades e do campo, estudantes, na luta por moradia, intelectuais e artistas, nas ações pastorais da Igreja, criam importantes vínculos de poder popular, que, por sua vez, depositam em um partido que, aos poucos, vai sendo engolido pela lógica dominante de fazer política e alcança o governo já completamente desfigurado, traindo sua perspectiva inicial. Não mais disponível nem disposto a conduzir as transformações nas estruturas do sistema, sua mudança se converteu na maneira encontrada para nada mudar.

Atualmente o país passa por um nítido processo de retrocesso, com a supressão de direitos constitucionais, que atinge diretamente a classe mais empobrecida, a mesma que tanto lutou para que os mesmos fossem assegurados.Quem é o responsável por essa catástrofe? Será somente o atual governo? Que parcela cabe aos movimentos e organizações populares que lutaram para que o PT chegasse aonde chegou e depois se acomodaram, muitos deixando inclusive de hastear suas históricas bandeiras? 

A descrença nos partidos cresce a cada dia, o povo não acredita mais nas esferas de poderes, não suporta mais esta “democracia” disfarçada. Não se acredita mais nesse modelo político “representativo”. Porém, o que se há de fazer com toda essa descrença e indignação popular? Será então o fim dos partidos? Desta política representativa? Ou o povo não terá forças para transformar esta realidade e os retrocessos crescerão a cada dia?

Há muitos confrontos e especificidades isoladas nas lutas travadas pela classe explorada e oprimida. Há necessidade da junção de forças e, consequentemente, da consolidação de um poder popular, que não seria um partido nas formas como ora se apresentam, mas assumiria seu verdadeiro papel e atuaria como um partido revolucionário, movido pelas massas, com a materialização da práxis, da junção igualitária entre teoria e prática. O partido como uma força em movimento, que toma e assume uma parte na luta de classes, a parte do povo oprimido e explorado, que se expressa nas forças das massas, sendo este o elemento transformador a não permitir mais retrocessos e a marchar para avanços, nesta força organizada imprescindível a Revolução.

*Militante da OPA e PJMP



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