*Por JosenilsonDoddy
Todos os direitos até aqui conquistados neste país foram através de muita organização e lutas populares. Neste processo histórico em que os conflitos de classes determinaram o ritmo, a igualdade de direitos nunca existiu de fato para todos, mas tão somente de modo formal, no papel.
Da parte dos oprimidos, as conquistas podem gerar certo
acomodamento, mas uma batalha vencida, se não impulsiona para seguir adiante na
guerra, faz retroceder as forças, dando poder aos opressores, quase sempre bem
consolidados em seu domínio e dispostos a tudo para se manterem no alto.
Chega-se ao ponto de a tão sonhada democracia, no sentido
original de poder que emana do povo, ser propositalmente confundida e
sustentada por uma relação indireta com o poder, em que os representantes
eleitos pouco representam os interesses daqueles que lhe “concederam” esse
direito. A participação do povo se torna assim mero artifício de
dominação.
A consciência
democrática fortalecida pela resistência à ditadura militar
do Brasil, e enraizada nos movimentos de trabalhadores das cidades e do campo,
estudantes, na luta por moradia, intelectuais e artistas, nas ações pastorais
da Igreja, criam importantes vínculos de poder popular, que, por sua vez,
depositam em um partido que, aos poucos, vai sendo engolido pela lógica
dominante de fazer política e alcança o governo já completamente desfigurado,
traindo sua perspectiva inicial. Não mais disponível nem disposto a conduzir as
transformações nas estruturas do sistema, sua mudança se converteu na maneira
encontrada para nada mudar.
Atualmente o país passa por um nítido processo de
retrocesso, com a supressão de direitos constitucionais, que atinge diretamente
a classe mais empobrecida, a mesma que tanto lutou para que os mesmos fossem
assegurados.Quem é o responsável por essa catástrofe? Será somente o atual
governo? Que parcela cabe aos movimentos e organizações populares que lutaram
para que o PT chegasse aonde chegou e depois se acomodaram, muitos
deixando inclusive de hastear suas históricas bandeiras?
A descrença nos partidos cresce a cada dia, o
povo não acredita mais nas esferas de poderes, não suporta mais esta
“democracia” disfarçada. Não se acredita mais nesse modelo político
“representativo”. Porém, o que se há de fazer com toda essa descrença e
indignação popular? Será então o fim dos partidos? Desta política
representativa? Ou o povo não terá forças para transformar esta realidade e os
retrocessos crescerão a cada dia?
Há muitos confrontos e especificidades isoladas
nas lutas travadas pela classe explorada e oprimida. Há necessidade da junção
de forças e, consequentemente, da consolidação de um poder popular, que não
seria um partido nas formas como ora se apresentam, mas assumiria seu
verdadeiro papel e atuaria como um partido revolucionário, movido pelas massas,
com a materialização da práxis, da junção igualitária entre teoria e prática. O
partido como uma força em movimento, que toma e assume uma parte na luta de
classes, a parte do povo oprimido e explorado, que se expressa nas forças das
massas, sendo este o elemento transformador a não permitir mais retrocessos e a
marchar para avanços, nesta força organizada imprescindível a Revolução.
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