Fortim, município do Ceará, localizado a 132 km de
Fortaleza, com 17 mil habitantes, tem uma beleza natural incrível, com dunas,
falésias e praias belíssimas, além de ser local de encontro do rio Jaguaribe
com o oceano Atlântico. Essa paisagem tem atraído bastante turistas, fato
facilmente verificado pelas inúmeras mansões construídas e em construção à
beira-mar, boa parte pertencente a estrangeiros. Também na praia, sobre dunas e
falésias, não é difícil enxergar as bases de uma obra que, segundo moradores
locais, pretende dar lugar a um hotel de luxo. “Um paraíso”, diriam os mais
precipitados. “Mas para quem?”, questionariam os mais atentos.
Para as famílias nativas de pescadores, é costume e
necessidade construírem pequenas palhoças que servem de apoio ao trabalho no
mar, também utilizadas em momentos de lazer. “Muita gente aqui precisa da
barraca para tratar o suuru, o siri, o pescado. Tudo é parte de nossa cultura”,
relata César Costa, pescador local.
Há mais ou menos 8 meses para cá, sob alegação de
“crime ambiental”, a prefeitura local tem promovido seguidas ações de
destruição dessas barracas, acabando com a tranquilidade das famílias. “Eles
destroem, nós reconstruímos. É nossa forma de resistir. Já derrubaram seis
vezes as barracas, mas seis vezes nós levantamos. Querem nos varrer do mapa
para deixar a praia para quem tem muito dinheiro. Na frente das mansões você vê
lá a placa da Secretaria de Meio Ambiente autorizando a obra; do outro lado, o
resort está sendo construído em área irregular, mas lá está a mesma placa da
SEMAM. E nós é que somos os criminosos?!”, denuncia, indignado, o pescador,
recém engajado na Organização Popular (OPA).
“Na OPA, aprendemos que não estamos sós, que, para
vencermos, precisamos nos unir, trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da
cidade, povos do mar e da floresta. Aprendemos que nosso caminho é a construção
do Poder Popular. É o que temos feito e é o que vamos continuar fazendo”,
conclui.
Atualmente, os pescadores montam vigília na única
barraca restante e exigem o fim dos ataques e a reparação pelos danos materiais
e emocionais sofridos.
Por Thales Emmanuel, militante da Organização Popular - OPA.
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