quarta-feira, 8 de abril de 2020

CAMPANHAS DE SOLIDARIEDADE. PARTICIPE!!!



CARTA À CLASSE




“Os poderosos podem matar uma, duas ou três flores, mas jamais deterão a primavera inteira.”
Che Guevara

Trabalhador, trabalhadora, juventude do meio popular, o corona vírus, essa pandemia que se espalha pelo mundo, matando muita gente, está nos revelando algumas coisas que, no fundo, já sabíamos:
O desprezo que a classe rica tem para com nossas vidas. Em meio à crise, o governo federal entrega para os bancos mais de um trilhão de reais. Dinheiro nosso, arrancado de nosso suor. Enquanto isso, no isolamento social possível, continuamos à espera de algum direito mínimo que nos salve da fome, do aluguel, das contas que temos para pagar todo fim de mês.
Esses grandes empresários e seus governos comprados exigem nosso retorno ao trabalho. Mas o que eles oferecem não é trabalho, é escravidão! Querem nosso sangue, sempre quiseram. Nosso sangue é a argamassa de suas grandes fortunas e de suas boas vidas. Não se importam com nossa saúde nem com a de nossos familiares. Para eles, não passamos de mão-de-obra barata, por isso o desprezo criminoso para com nossos idosos. E se o corona vírus pegar um dos nossos, substituirão rapidamente por outro, pois criam a miséria para que façamos filas em suas portas, mendigando emprego.
Atacam o SUS desde sua fundação, retirando-lhe os poucos recursos destinados. Não fosse nossa luta, nem o pouco que resta do sistema público de saúde teríamos mais. São assassinos covardes! São cruéis torturadores! Agora estão aprovando uma renda de 600 reais para três meses de crise. Valor muito menor do que o definido em outros países. Mesmo assim, é preciso lembrar: não é favor, é direito! Fazem isso por medo. Medo de nos levantarmos e pormos fim à exploração, medo de que entendamos que, organizados, não precisamos de patrão.
A OPA quer o que você quer: justiça e dignidade. Mas para isso é preciso que se engaje, que se organize, que lute! Vamos juntos aprender a construir o Poder popular!

02 de abril de 2020.

segunda-feira, 23 de março de 2020

O FASCISMO


O fascismo é um movimento político produzido por elites capitalistas em momentos de profunda crise econômica e social, quando não mais vislumbram possibilidade, ou não têm capacidade, de resolvê-la 

O fascismo não é e não tem ideologia própria, mas usa ideologias autoritárias para dominar pelo medo físico, e o irracionalismo ao capturar as mentes pela confusão e ignorância produzidas. 

O Partido Fascista italiano nasceu gabando-se de que trouxe uma nova ordem revolucionária; mas foi financiado pelos mais conservadores entre os latifundiários que esperavam dele uma contra-revolução. 

Assim Umberto Eco fala do fascismo italiano, criado e dirigido por Mussolini. 

O fascismo usa e abusa do irracional e conservador para submeter a população alienada politicamente a uma “ideologia” também irracional. 

Quando a luta dos pobres e dos trabalhadores avança sobre o capital, as elites assumem o fascismo como ponta de lança de sua dominação. 

Como funciona a aproximação do fascista do público alvo 

Nas crises, as demandas e necessidades legítimas da sociedade, (como a insegurança, o desemprego, a falta de moradia, a quebra de tradições, etc.) o manipuladas e transformadas em culpas de um inimigo imaginário, ao mesmo tempo concreto e surreal.  

O fascista põe na boca da população através de repetições massivas e sistemáticas, mentiras que parecem ser verdades absolutas. Bandido bom é bandido morto, por exemplo, mas não diz quem é o bandido; numa sociedade multirracial e multicultural normalizam um estereótipo e transformam o diferente em inimigo. Assim o negro, a mulher, o homossexual, o comunista são transformados em perigosos inimigos da nação e do desenvolvimento e causas do desemprego, da corrupção e de todos os males reais que afligem a população. Quem não lembra dos kit gay, das mamadeiras de piroca? 

O que importa é dominação da sociedade de maneira controlada econômica e socialmente – politicamente, enfim! 

Por prof. Isaías Júnior, colaborador da OPA.

Paraíso Vendido



Fortim, município do Ceará, localizado a 132 km de Fortaleza, com 17 mil habitantes, tem uma beleza natural incrível, com dunas, falésias e praias belíssimas, além de ser local de encontro do rio Jaguaribe com o oceano Atlântico. Essa paisagem tem atraído bastante turistas, fato facilmente verificado pelas inúmeras mansões construídas e em construção à beira-mar, boa parte pertencente a estrangeiros. Também na praia, sobre dunas e falésias, não é difícil enxergar as bases de uma obra que, segundo moradores locais, pretende dar lugar a um hotel de luxo. “Um paraíso”, diriam os mais precipitados. “Mas para quem?”, questionariam os mais atentos.
Para as famílias nativas de pescadores, é costume e necessidade construírem pequenas palhoças que servem de apoio ao trabalho no mar, também utilizadas em momentos de lazer. “Muita gente aqui precisa da barraca para tratar o suuru, o siri, o pescado. Tudo é parte de nossa cultura”, relata César Costa, pescador local.
Há mais ou menos 8 meses para cá, sob alegação de “crime ambiental”, a prefeitura local tem promovido seguidas ações de destruição dessas barracas, acabando com a tranquilidade das famílias. “Eles destroem, nós reconstruímos. É nossa forma de resistir. Já derrubaram seis vezes as barracas, mas seis vezes nós levantamos. Querem nos varrer do mapa para deixar a praia para quem tem muito dinheiro. Na frente das mansões você vê lá a placa da Secretaria de Meio Ambiente autorizando a obra; do outro lado, o resort está sendo construído em área irregular, mas lá está a mesma placa da SEMAM. E nós é que somos os criminosos?!”, denuncia, indignado, o pescador, recém engajado na Organização Popular (OPA).
“Na OPA, aprendemos que não estamos sós, que, para vencermos, precisamos nos unir, trabalhadores e trabalhadoras, do campo e da cidade, povos do mar e da floresta. Aprendemos que nosso caminho é a construção do Poder Popular. É o que temos feito e é o que vamos continuar fazendo”, conclui.
Atualmente, os pescadores montam vigília na única barraca restante e exigem o fim dos ataques e a reparação pelos danos materiais e emocionais sofridos.


Por Thales Emmanuel, militante da Organização Popular - OPA.

"Jesus da Gente"


Recebi, via whatsapp, de um jovem estudante Redentorista, o seguinte pensamento do Padre Júlio Lancellotti: "A gente procura Jesus no Sacrário e ele teima em ir para debaixo do viaduto". Fico muito feliz em perceber sinais de que a nossa formação está proporcionando aos nossos jovens esta percepção de Jesus, que é encarnação diária. Uma presença muitas vezes invisível, até para aqueles que passam apressadamente para "adorá-lo" em sacrários ornados com ouro, algo jamais imaginado por Jesus de Nazaré.
A CF 2020 vem justamente nos provocar nesse sentido, quando nos coloca diante da atitude do samaritano. "Ele viu, teve compaixão e cuidou dele". Até alguns anos atrás, ainda éramos capazes de sentir ao menos pena. Hoje, estamos sendo levados a sermos indiferentes e, em muitos casos, até cúmplices de um modelo de sociedade que quer banir do seu meio aqueles e aquelas que aos seus olhos nada significam. Sendo, para tanto, até favoráveis ao extermínio.
A doutrina social da Igreja – sim, a Igreja tem uma doutrina social! –, embora alguns queiram ignorá-la e coloquem em evidência apenas o que tange à moral, no número 207, nos leva a entender a necessidade de redescobrir o sentido da caridade. Precisamos superar a noção de uma caridade individual e assistencialista para a dimensão de uma caridade social e construtora da libertação humana. Encontrar Jesus caído e questionar as causas de sua queda.
Dom Hélder já bem nos alertava sobre isso: "Quando dava comida aos pobres, me chamavam de santo; mas quando comecei a questionar as causas da pobreza, chamaram-me de comunista". Não é fácil tomar atitudes que fogem das rédeas do sistema. Bem sabemos o que aconteceu com Jesus de Nazaré, Oscar Romero, Dorothy, Margarida Alves, Josimo, Ezequiel, Zé Maria do Tomé e tantos outros assassinados por serem considerados subversivos. Sempre foi e sempre será melhor para os que querem se manter no poder que sejamos apenas oferecedores de uma sopa quente.
Diante de um sistema que não se sustenta mais, como diz o papa Francisco, e que sai dizimando os povos originários; explorando a maioria, cada vez mais empobrecida; invadindo o espaço para os grandes projetos depredadores; incentivando a violência contra as mulheres, os LGBTTI+, os jovens das periferias; precisamos ser profecia. Se nos calarmos, as pedras falarão. Há muita profecia fora da Igreja: nas praças, nas ruas, nos sambódromos... "Meu nome é Jesus da gente!"

Por padre Júlio Ferreira, missionário redentorista.

O que significa o 8 DE MARÇO para a luta das mulheres





Para entendermos melhor a luta das mulheres, devemos partir do começo, de quando fomos transformadas, de deusas, em objeto de propriedade do homem-mercado. As condições de vida das mulheres atualmente devem muito a essa história. Portanto, temos o dever de conhecer nosso passado para entendermos o presente e saber pelo que e como devemos lutar.
De acordo com Bachofen, nas primeiras gerações humanas, a mulher e o homem tinham relações bem diversas da que se atribui como “natural” hoje em dia. Sequer existia o termo “monogamia”. Somente a maternidade era conhecida. Elas eram vistas como uma espécie de deusa, muito respeitadas e apreciadas, já que tinham o “poder” de gerar outra vida. Nesta época, as tarefas eram distribuídas de forma equilibrada: o homem lidava com a caça, a mulher com a agricultura e os filhos eram cuidados por todos, sem submissão de ninguém. As terras e a alimentação também eram de usos comuns.
Após este primeiro período da história humana, outras formas de relações entre tribos ou comunidades se desenvolveram. Homens e mulheres se relacionaram até chegar o ponto dos homens se tornarem os chefes de propriedades e da família, e a mulher ficar geralmente reclusa ao espaço e atividades domésticas. Com a chegada da Revolução Industrial, no final do século 1800, as mulheres foram enviadas às fábricas. O valor pago por sua mão-de-obra era muito mais barato que o dos homens, e muito também eram as horas de trabalho diárias. Eram açoitadas, humilhadas e espancadas.
Alexandra Kollontai dizia que o Dia da Mulher, ou “o Dia da Mulher Trabalhadora”, como ela o chamava, “é um dia de solidariedade internacional, um dia para rever a força e a organização das mulheres proletárias”, das mulheres trabalhadoras. Daquelas que diariamente estão presentes no trabalho doméstico, na feira, no comércio, cuidando dos filhos, nas indústrias, na universidade, nos sindicatos; enfim, mulheres que vivem várias jornadas de trabalho por dia.
Kollontai o denominava assim porque esse dia não nasceu do acaso. Ele veio da revolta de mulheres trabalhadoras contra as condições degradantes de trabalho que lhes eram impostas desde o inicio da industrialização. No século 19, tais condições atingiram um ápice, tanto na Europa como nos Estados Unidos.
Há duas versões sobre o fato histórico que levou à criação do 8 de Março. A primeira conta que foi em decorrência de uma manifestação espontânea de trabalhadoras do setor têxtil de Nova Iorque, contra os baixos salários e a jornada de 12 horas, no dia 8 de março de 1857. Reprimida violentamente pela polícia, na qual muitas trabalhadoras foram presas e mortas. A segunda versão aponta para o 8 de março de 1908, data em que as trabalhadoras da fábrica têxtil ‘Cotton’, de Nova Iorque, declararam greve em protesto pelas condições insuportáveis de trabalho. Na sequência disso, ocuparam a fábrica e o patrão prendeu-as lá dentro, fechou todas as saídas e incendiou o local. Morreram queimadas as 129 trabalhadoras que lá estavam. Além desses dois episódios, o mês de março tem uma importância simbólica muito grande, devido a uma série de outras lutas proletárias.
Desde sempre, os/as socialistas – pessoas que lutam por igualdade social e contra o capitalismo – defenderam o direito igual para as mulheres, inclusive pelo sufrágio feminino, isto é, o direito ao voto nas eleições. Reivindicações que não interessavam à burguesia, classe rica e dominante.
No mundo capitalista, por um bom tempo, o voto era um direito somente de homens da nobreza e de alguns endinheirados. Depois, mesmo tendo sido estendido a todos os homens, as mulheres continuaram impedidas de participar de eleições. Eram exploradas sem piedade nas indústrias capitalistas, mas eram alienadas deste e de outros direitos.
Em vista disso, em 1909, 28 de fevereiro, as mulheres socialistas dos Estados Unidos organizaram grandes manifestações e encontros por todo o país para exigirem direitos políticos para as trabalhadoras.
As discussões das mulheres continuaram em vários países. No ano seguinte, Clara Zetkin, uma líder socialista alemã, apresentou, durante a II Conferência Internacional das Mulheres Trabalhadoras, a questão da organização de um dia internacional da mulher trabalhadora, que deveria ser repetido todos os anos no mesmo dia sob o lema “O voto pelas mulheres unirá nossa força na luta pelo socialismo”. Com isso, no dia 19 de Março de 1911 foi celebrado o Dia Internacional da Mulher.
Naquele período, o Dia Internacional da Mulher era comemorado durante todo o mês de março, em diferentes locais, não tendo uma data fixa, mesmo com as conferências. Por fim, consolidou-se um dia mundial e fixo para que todas as mulheres estivessem em sintonia e juntas nas lutas, este dia foi debatido e decidido para ser 8 de Março.
Temos consciência que a burguesia e o capitalismo tentaram e tentam se apoderar da simbologia do Dia da Mulher. Pretendem que ele deixe de ser da Mulher Trabalhadora para que se transforme em um dia comercial por excelência. Tentam comprar a consciência das mulheres trabalhadoras com flores, rosas... Mas nós sabemos o quanto de espinhos carrega cada rosa com que tentam corromper nossa luta!
Lutamos por direitos, mas não consideramos os direitos, por si só, suficientes. Temos, principalmente, de aprender a fazer uso de cada direito conquistado ou a ser conquistado!
Lutamos por direito ao estudo, mas queremos que o conhecimento adquirido pela nossa luta seja usado para benefício da humanidade em cada país que nos encontremos. Lutamos por trabalho com 8 horas diárias e salário compatível ao dos homens (mesma função, mesmo salário). Recusamos a jornada dupla ou tripla devida ao cuidado do lar; queremos divisão de responsabilidades e tarefas. Queremos o direito ao divórcio sem ter de correr riscos de morte, de feminicídio. Queremos o direito à saúde em todo o seu significado (saúde específica da mulher, da criança, da adolescente, saúde para exercer uma vida sexual sadia, saúde na velhice). Queremos o direto à família, mas que ela seja exatamente o que a palavra significa: comunhão de pessoas que se ligam pelo amor. Recusamos a ser transformadas em carregadoras de família, como geralmente o homem usa.
Precisamos questionar a sociedade constituída, capitalista e machista, sobre o individualismo que acorrenta a mulher às tarefas cotidianas repetitivas e embrutecedoras dentro de cada lar, principalmente nas casas de trabalhadores e trabalhadoras, pois nos lares da burguesia essas tarefas são realizadas pela “empregada doméstica”.
Que tal coletivizarmos atividades comuns em cada rua? Nos referimos a restaurantes coletivos, lavanderias coletivas, creches coletivas, organizando o trabalho em ações de rodízio. Assim, promovemos a socialização da vizinhança, aumentando a segurança e diminuindo custos. Nossa luta se modifica conforme a sociedade muda.
Queremos e lutamos para sermos reconhecidas como sujeito no trabalho, na rua, na Igreja, nas universidades, nas escolas, nas festas!
Queremos e lutamos para não sermos alvos de chantagem social nem de alienação psicológica!
Queremos e lutamos para sermos mulheres conscientes da necessidade de acabar com a exploração!
Queremos e lutamos para sermos TRANSFORMAÇÃO!
VIVA O DIA 8 DE MARÇO!
VIVA A LUTA DAS MULHERES TRABALHADORAS!
AVANTE!

Por Amélia Nunes e Caroline Cirqueira, militantes da Organização Popular (OPA) e do Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro.


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Encontro reúne atingidos e atingidas por construção de barragem em Crateús



A comunidade Poti, no município de Crateús-CE, acolheu, nos dias 19 e 20 passados, aproximadamente duzentas pessoas das comunidades atingidas pela construção da barragem Lago de Fronteiras (entre o Ceará e o Piauí). O projeto, que tem impactado milhares de famílias, visa, principalmente, de acordo com estudos preliminares, garantir o fornecimento de água para o funcionamento de uma grande mineradora, em instalação em municípios vizinhos. Não é para matar a sede da população nem para a produção agrícola local.

O encontro, iniciativa do Grupo de Estudos e Práticas Interdisciplinares em Agroecologia (GEPIA), da Universidade Federal do Ceará (UFC), com as comunidades atingidas, se iniciou com um café da manhã. Depois, uma mística provocou reflexões e sentimentos ao retratar a realidade comum a quem sofre e luta contra projetos que não vêm para servir à população, mas a interesses de grandes empresas.

Na sequência, os/as participantes conversaram em grupos suas angústias, as promessas não cumpridas pelo Estado, as inúmeras violações de direitos e apontaram suas reivindicações, além de alternativas de enfrentamento. As ideias foram anotadas e, depois, socializadas na plenária maior.



A angústia das famílias atingidas pôde ser sentida desde antes, já nas conversas de preparação para o encontro. “Pra mim, é uma tragédia (...). Nós somos lixo aqui. Nós somos lixo. Os outros não querem ser. Mas eu digo porque nós somos. Porque vão nos jogar onde eles querem. Lixo que você apanha aqui e bota pra lá, depois manda pra acolá”, declarou a senhora J., de 74 anos de idade.

O próximo momento do encontro contou com a participação de pessoas atingidas pela construção da barragem do Castanhão, no Vale do Jaguaribe, do outro lado do estado. Segundo Ézio, do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), é “sempre a mesma coisa. Eles vão tentar enganar as comunidades até a chegada das águas, quando, para não morrerem afogadas, as famílias são obrigadas a sair. Por eles, os atingidos não teriam nenhum direito. É de nossa luta, da resistência do povo, que vêm as conquistas.”

Na parte da tarde, especialistas nas áreas do direito, psicologia e território expuseram percepções sentidas e analisadas a partir das realidades estudadas com as comunidades. Para Juliane Melo, advogada do Escritório Frei Tito de Alencar, “há, comprovadamente, uma série de ilegalidades e violações de direitos no processo de implementação do Lago de Fronteiras. O povo tem o direito de lutar contra isso.”

O instante seguinte seria uma audiência de negociação com os órgãos do Estado, direta ou indiretamente envolvidos na construção da barragem, principalmente o Departamento Nacional de Obras Contra a Seca (DNOCS), que não compareceu nem informou o porquê. “Nós sabemos onde fica o escritório deles. Se o DNOCS não vem até aqui, nós iremos até ele, e com muito mais gente”, declarou um dos participantes, com indignação estampada no rosto.

No segundo dia, formou-se uma coordenação das comunidades, com o compromisso coletivo de traçar planos de fortalecer a resistência, a união e o espírito de coragem que permeou todo o encontro.



Muitas entidades e movimentos apoiadores estiveram presentes; entre elas, a Igreja Católica, o Movimento Sem Terra e a Organização Popular (OPA).
“O encontro dos atingidos foi planejado para buscar unir as comunidades, para que a discussão sobre os direitos violados saísse do pensamento individual para uma reflexão coletiva”, frizou Thaís Félix, estudante de psicologia e integrante do GEPIA.

* Por Thales Emmanuel