terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Juventude cristã na política

Por Josenilson Doddy*



“Envolver-se na política é uma obrigação para um cristão”, falou papa Francisco em um encontro no Vaticano com crianças e jovens de escolas e movimentos jesuítas.

Há muito se fala que a juventude é o futuro, o amanhã, imprimindo-lhe um papel meramente expectador, inerte, diante de um quadro político e social que depende de sua intervenção cotidiana, presente, para que lá na frente o referido "amanhã" ganhe significado pleno de sentido.

É comum se ouvir comparações da atual geração de jovens com aquela que resistiu bravamente aos anos de chumbo iniciados com o golpe militar-empresarial de 1964. Geralmente em tom saudosista, se diz que a juventude não é como antes.

Parte considerável da descrença para com nossos jovens vem das distorções fomentadas pela mídia comercial, que padroniza o "bom sujeito" na quadratura do comportamento moralmente aceitável, enquanto invisibiliza ou demoniza aqueles e aquelas que escapam ao seu canto de sereia. Parafraseando dom Hélder Câmara, se der comida aos pobres, será condecorado como herói; mas, se perguntar aos pobres sobre a causa da pobreza e, "pior", se engajar-se em sua luta para superar a miséria pela raiz, será crucificado como vândalo, baderneiro ou coisas do tipo, e quem sabe até merecer matéria no Jornal Nacional.

A juventude cristã precisa ocupar a política, mas de um jeito que se enfrente os desafios da construção da justiça social, da igualdade, combatendo as artimanhas e a violência das forças do capital com criatividade, coração e mente. Como ficou demonstrado nas milhares de escolas ocupadas em 2016, contra a PEC 55, batizada de "PEC da morte"; contra o amordaçamento do pensamento crítico, sintetizado no projeto "Escola sem partido"; e por muito mais.

Saibamos também que falsa profecia não tem idade. Alguns jovens são bancados por grandes empresas para que manipulem outros jovens e a consciência do povo em geral. Defendem os interesses dos exploradores, dos Césares, contra a classe explorada.

Ainda que arroguem a Cristo em seus discursos, ainda que frequentem a missa ou o culto semanalmente, negam frontalmente a mensagem libertadora do Reino. São profissionais da mentira! Seu fermento, como o dos fariseus e saduceus de outrora, é pura hipocrisia.

A juventude cristã sonha coletivamente sonhos de libertação e vai à luta para realizá-los, organiza-se, questiona a origem das injustiças. No convívio com o povo oprimido - na favela, na fábrica, nas escolas, no campo - aprende a reconhecer que o essencial e a simplicidade não se separam. Também ensina o que aprendeu, gratuitamente. Assim como Jesus, toma partido, tem um lado e, com seu testemunho, convida, convoca a todos e todas, independente da idade, a assumir a construção de uma nova sociedade, plena de comunhão.

Josenilson Doddy é militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Organização Popular (OPA).

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