*Por Josenilson Doddy
Até quando nós, filhos e filhas da classe trabalhadora, pastorais, organismos, entidades, movimentos e organizações populares... até quando nós, militantes populares, lutaremos para manter as estruturas deste sistema?
Por que alimentar as estruturas do capitalismo quando este já não se suporta, como diz Francisco? Hipocrisia conciliatória achar ser possível servir a dois senhores. "Ou Reino de Deus ou de Mamón" (Mt-6,24).
Chega ser angustiante. A militância parece ainda não compreender que se trata de uma luta de classes, cujo os interesses não se beijam, a não ser tecnicamente e em prejuízo do lado dominado.
O projeto de Jesus rompe com as estruturas de poder vigentes, parte das bases, de um movimento popular. Não há espaço para sistemas de opressão em sua fé na construção da sociedade de vida plena para todos.
O princípio da partilha radical do pão e a união da classe empobrecida assustaram os de cima. Sempre os assombraram. Por conta disso, invariavelmente, reagem com manipulação ideológica, prisões, torturas e assassinatos, como fizeram com o filho de Maria há mais de dois mil anos. Mas, como diz Che Guevara, matam o homem, não seus ideais.
Nossas faces já foram surradas incontáveis vezes. Somos a classe trabalhadora. Nossa cruz chama-se sociedade de classes. Nossos direitos estão sendo tomados mais uma vez. Lá se vai nosso suor e nosso sangue, novamente. Só que agora não aceitaremos mais gratuitamente os machucados. Nossa luta parte da luta por direitos, mas não ficará só nela. Ou derrubamos este sistema ou ele porá fim a tudo.
Para tanto, precisamos construir um bloco anticapitalista, com trabalho de base continuado, com planejamento. Urge superarmos as articulações meramente pontuais, que se desfazem rapidamente ou nunca se fazem, pois não conseguem avançar para além do plano imediato. Precisamos por a mão na massa.
*Josenilson Doddy é militante da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Organização Popular (OPA).
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